RF reafirma que funcionamento da Ponte da Integração foi decidida pelos dois países

“A chancelaria decide. Nosso papel é cumprir o que foi acordado”, disse o delegado da RF em Foz sobre horário de funcionamento da ponte.

Ponte está funcionando das 22h às 5h

Em uma coletiva de imprensa realizada hoje, 23, o delegado da Receita Federal em Foz do Iguaçu, César Augusto Vianna, detalhou os primeiros dias de funcionamento da recém-inaugurada Ponte da Integração Brasil–Paraguai, esclarecendo decisões sobre horários de circulação, etapas de liberação e a participação dos órgãos brasileiros e paraguaios no processo. Circulam na internet vídeos mostrando longas filas e caminhoneiros reclamando da demora para circularem pela ponte.

“A operação da ponte tem sido conduzida com base em acordos firmados entre os governos do Brasil e do Paraguai, por meio da Comissão Mista Bilateral. A Receita Federal e as demais instituições de fiscalização atuam como consultores técnicos — nós não tomamos as decisões”, afirmou Vianna.

De acordo com o delegado, todas as definições operacionais relativas ao horário de funcionamento e às etapas de liberação do tráfego foram estabelecidas pela Comissão Mista Brasil–Paraguai, formada por diplomatas e representantes dos dois países. “A Chancelaria dialoga e decide. Nosso papel é cumprir aquilo que foi acordado”, reforçou.

A primeira fase de operação, iniciada há poucos dias, permite a circulação de caminhões vazios no período das 22h às 5h, horário noturno escolhido pelas delegações em razão da estrutura urbana de Presidente Franco, cidade paraguaia que fica na rota de acesso à ponte.

Vianna confirmou que uma segunda etapa deve iniciar em janeiro de 2026, com a liberação de ônibus fretados de turismo no período das 19h às 7h, enquanto caminhões vazios continuarão a trafegar no horário já definido. A possibilidade de liberar veículos de passeio, motos e pedestres ainda será objeto de debate na próxima reunião da Comissão Mista, agendada para março de 2026.

“Os encontros técnicos entre os órgãos dos dois países vão continuar, com opiniões e levantamentos estruturais, mas a decisão final é política e diplomática”, explicou o delegado.

Sobre a infraestrutura rodoviária adjacente à ponte, Vianna destacou que a principal limitação para o tráfego pesado com cargas completas é a falta de conclusão de obras de acesso no lado paraguaio — notadamente a ponte sobre o Rio Monday, cuja entrega está prevista entre o final de 2026 e o primeiro semestre de 2027. Vianna apresentou um vídeo mostrando a situação das obras do lado paraguaio.

Também foram abordados aspectos relacionados à estrutura aduaneira. A Receita Federal esclareceu que não participa da execução das obras, que são de responsabilidade do DNIT e do DER/PR. A fiscalização presencial e gestão das aduanas só ocorrerão após o recebimento formal das construções.

Durante os primeiros dias de operação, foram registrados, em média, 300 veículos por noite circulando pela Ponte da Integração — número equivalente ao fluxo histórico da Ponte da Amizade, principal ligação entre Brasil e Paraguai até então.

Vianna explicou que a formação de filas antes do início oficial do horário de circulação — às 22h — ocorre porque os caminhoneiros procuram garantir posição, mas ressaltou que “nenhum caminhão dentro do horário acordado fica sem atravessar”.

Ele garantiu ainda que o processo de liberação tem sido eficiente: “Nosso tempo médio de atendimento por caminhão está em cerca de um minuto”.

Na coletiva, o delegado apresentou também um comunicado recente da Aduana do Paraguai, que informa a suspensão temporária da recepção de caminhões vazios a partir de amanhã na Ponte Internacional da Amizade. A Receita Federal ressaltou que tais comunicações são de competência exclusiva das autoridades paraguaias e não cabem contestações por parte do Brasil.

A ponte, inaugurada com grande expectativa, enfrenta agora o desafio de consolidar sua operação institucional e logística. Segundo Vianna, a fase atual é de adaptação e alinhamento bilateral.

“A Ponte da Integração é um processo dinâmico. Estamos na fase inicial, com responsabilidade técnica e dentro do que foi acordado diplomaticamente. Seguimos trabalhando para garantir que a operação seja segura e eficiente para todos os usuários”, concluiu.

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