O diretor da Fundação Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu, Coronel Áureo Ferreira, afirmou que encontrou o Hospital Municipal Padre Germano Lauck com equipes organizadas e comprometidas, afastando a ideia de desordem administrativa. Em entrevista ao programa Contraponto – A Voz do Povo, da Rádio Cultura, ele explicou que a recente troca na direção teve como objetivo principal a mudança no estilo de gestão, com foco na melhoria de processos, protocolos internos e maior integração com o sistema regional do SUS, já que a unidade atende pacientes de várias regiões do Oeste do Paraná.
Um dos principais desafios apontados pelo diretor é a regularização estrutural do hospital, que ainda não possui licença do Corpo de Bombeiros. Segundo Áureo, o prédio, inaugurado em 2009, passou por diversas ampliações sem a devida adequação técnica, resultando em problemas como corredores estreitos, falhas no telhado e sistemas antigos de drenagem. A administração trabalha em soluções de mitigação e diálogo com os bombeiros para viabilizar a licença, condição considerada essencial para reformas mais amplas e para qualquer avanço no processo de federalização da unidade.
Na área assistencial, o diretor destacou mudanças na alocação de profissionais, especialmente na enfermagem, com o retorno de servidores que estavam cedidos a outros serviços, reforçando o atendimento diurno. Também houve ajustes no fluxo dos centros cirúrgicos, incluindo a reorganização das equipes de instrumentação. Como resultado, o hospital registrou um crescimento significativo no número de procedimentos: em 2025, foram realizadas 9.500 cirurgias, contra uma média de cerca de 7 mil por ano entre 2022 e 2024, aumento próximo de 40%, envolvendo cirurgias eletivas, de urgência e de emergência.
Áureo também ressaltou o fortalecimento do setor de faturamento, área considerada estratégica para evitar perdas de recursos federais. Segundo ele, falhas na cobrança de procedimentos realizados pelo SUS impactavam diretamente as finanças da instituição. A gestão reforçou a equipe responsável pelo faturamento para garantir que todos os atendimentos sejam devidamente registrados e pagos, contribuindo para o equilíbrio financeiro do hospital.
Durante a entrevista, o diretor comentou ainda sobre as parcerias com instituições de ensino, como a Unila e a Unioeste. Reclamações pontuais sobre falta de espaço foram resolvidas com reorganização interna, e a parceria com a Unioeste foi destacada como estratégica para a formação multiprofissional em saúde. A Prefeitura estuda novos formatos para manter essas cooperações, após o encerramento de convênios anteriores financiados pela Itaipu.
Outro tema abordado foi o processo de federalização do Hospital Municipal, com possível gestão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). De acordo com Áureo, houve avanços na regularização fundiária e no levantamento das dívidas da Fundação Municipal de Saúde, estimadas em cerca de R$ 45 milhões. Ele alertou, porém, que a criação de uma autarquia sem a federalização garantida poderia gerar novos custos anuais e passivos trabalhistas, motivo pelo qual a decisão exige cautela. O cenário também passa a considerar a futura entrada em operação do Hospital Regional e do Consórcio Intermunicipal de Saúde (CIS).
Por fim, o diretor confirmou que a gestão analisa a situação de uma cantina instalada há décadas dentro do hospital, que opera sem contrato formal. O caso foi encaminhado ao setor jurídico para avaliação e possível regularização. Áureo destacou ainda a criação e o fortalecimento de ações de humanização no atendimento, com foco no acolhimento de pacientes, familiares e profissionais, ressaltando que o hospital atua dentro de um sistema regional complexo, no qual a regulação de leitos e procedimentos segue critérios técnicos e não apenas a demanda local.





















































