O controle migratório na região de Foz do Iguaçu está passando por uma das maiores transformações das últimas décadas. A Polícia Federal aposta em novas ferramentas tecnológicas — já em testes e parcialmente operacionais — para acelerar registros, reduzir filas e lidar com um fluxo crescente de estrangeiros entrando no Brasil pela fronteira com Paraguai e Argentina.
Nova geração de sistemas: do QR Code ao reconhecimento facial
Nos últimos anos, a Polícia Federal implantou o STI Mobile, sistema que permite ao viajante preencher um pré-cadastro antes de chegar ao ponto de controle. Com isso, o turista gera um QR Code que pode ser lido rapidamente pela autoridade migratória, muitas vezes ainda dentro do ônibus. A ferramenta já representa 70% dos registros na Ponte Internacional da Amizade e se tornou peça-chave para desafogar a fronteira.
Agora, a PF se prepara para dar um salto ainda maior. Em parceria com a Itaipu Binacional e a empresa Cita, está sendo concluída a prova de conceito de um sistema de controle migratório por reconhecimento facial, capaz de automatizar etapas que hoje exigem conferência manual.
O projeto prevê a instalação de quiosques inteligentes tanto nos postos aduaneiros quanto em pontos estratégicos da cidade, permitindo que o próprio viajante realize sua identificação facial em segundos. A expectativa é que essa tecnologia esteja em funcionamento já na próxima temporada.
“Será um processo mais automático e eficiente”, afirma o chefe do Núcleo de Migração da PF, Nelson César Machado Júnior, destacando que o novo modelo deve reduzir filas, acelerar o trânsito na fronteira e melhorar o gerenciamento dos dados de entrada.
Ponte da Integração terá operação gradual e totalmente monitorada
A abertura da Ponte da Integração — segunda ligação entre Brasil e Paraguai — deve trazer um ambiente ainda mais favorável para a adoção dessas tecnologias. Uma reunião prevista para os próximos dias deve definir a data de início da operação.
O plano inicial estabelece funcionamento das 19h às 7h, exclusivamente para caminhões em lastre: veículos vazios, sem carga. Após 30 dias, o uso será ampliado para ônibus fretados de turistas, que deixarão de cruzar a Ponte da Amizade no período noturno. A circulação de pedestres só ocorrerá posteriormente.
Todo o fluxo será monitorado e registrado integralmente pela Polícia Federal, que prepara uma reorganização do efetivo para atender às duas pontes. Durante a alta temporada, dez policiais foram deslocados para reforçar as equipes locais, além de um aditivo de terceirização para apoiar os registros.
Expectativa de aumento de estrangeiros no Brasil
A modernização chega em um momento de crescimento contínuo do fluxo internacional. O número de viajantes registrados formalmente pela PF em Foz aumentou 20,6% entre 2022 e 2023 e 7,5% de 2024 para 2025. Para a atual temporada, a estimativa é de mais um avanço, em torno de 10%.
Somente neste ano, os pontos migratórios das pontes da Amizade e Tancredo Neves contabilizaram 1,7 milhão de entradas formais no país. Esses números incluem turistas que seguem viagem para outros estados, especialmente destinos de praia, e excluem o trânsito fronteiriço de compras rápidas — que chega a ultrapassar 100 mil pessoas por dia, mas não gera registro migratório.
Cooperação internacional impulsiona a modernização
A integração entre Brasil, Paraguai e Argentina tem sido fundamental para o avanço das tecnologias. A divulgação conjunta do pré-cadastro digital e a adoção de procedimentos padronizados ajudaram a reduzir gargalos e aumentar a capacidade de atendimento.
Com a chegada do sistema de reconhecimento facial, a PF acredita que a fronteira de Foz do Iguaçu se tornará referência nacional em controle migratório automatizado, unindo segurança, agilidade e maior qualidade nos dados de circulação internacional.























































