A Polícia Científica do Paraná realizou, na sexta-feira (5), mais uma etapa de coleta de material genético de pessoas privadas de liberdade em Foz do Iguaçu. A ação, conduzida em parceria com a Polícia Penal e a Polícia Civil, integra o processo nacional de atualização do Banco Nacional de Perfis Genéticos (BNPG), responsável por armazenar informações que auxiliam na elucidação de crimes em todo o país.
A coleta atende à Lei de Execução Penal, que obriga o registro de perfis genéticos de condenados por crimes cometidos com violência — como homicídio e roubo — e por crimes contra a dignidade sexual, incluindo estupro. O procedimento é realizado por meio de um swab bucal, método rápido e indolor, que respeita a integridade e a dignidade do custodiado.
De acordo com Raul Lessa, chefe da Unidade de Execução Técnico-Científica de Foz do Iguaçu, a iniciativa faz parte de um trabalho contínuo. “O objetivo é dar cumprimento à lei, como já fazemos ao longo dos meses. Embora o mutirão acelere o processo, a coleta ocorre de forma permanente”, explica.
O material genético coletado permite que as autoridades comparem os perfis cadastrados com vestígios biológicos encontrados em cenas de crimes, como saliva, fios de cabelo ou até uma bituca de cigarro. Assim, crimes antigos, sem autoria identificada, podem ser solucionados. “É uma ferramenta essencial para a investigação. Em casos em que a vítima não tinha informações sobre o agressor ou em crimes cometidos sem testemunhas, o perfil genético pode ser decisivo”, afirma Lessa.
Embora a Polícia Científica seja responsável pela coleta e processamento das amostras, ela não participa das investigações. Eventuais coincidências genéticas são encaminhadas à Polícia Civil, que conduz os desdobramentos. “Nós produzimos a prova. A investigação, porém, cabe a outros órgãos da segurança pública”, acrescenta.
O uso do banco de perfis genéticos no Brasil é relativamente recente, com expansão mais significativa a partir de 2020. Apesar disso, já contribuiu para esclarecer casos de grande repercussão no Paraná, como o da jovem Raquel de Genofre, uma menina de 9 anos brutalmente assassinada em novembro de 2008, em Curitiba. O crime chocou o Brasil e permaneceu sem solução por 11 anos, até a identificação e condenação do autor por meio de exame de DNA. A expectativa é de que o número de elucidações aumente à medida que o banco cresce.
A Polícia Penal é o órgão responsável pela organização e apresentação dos custodiados para coleta. Segundo Lessa, embora os percentuais exatos sejam controlados pela corporação, o Paraná registra avanços expressivos. Em 2025, ações realizadas já adicionaram cerca de 2 mil novos perfis ao BNPG, somente de presos que cumprem pena em Foz do iguaçu.
“O banco genético fortalece a investigação criminal e a aplicação da lei. É um instrumento que serve tanto para esclarecer crimes quanto para evitar que inocentes sejam responsabilizados”, conclui Lessa.






















































