O diretor-geral brasileiro da Itaipu Binacional, Enio Verri, afirmou que as negociações entre Brasil e Paraguai sobre o futuro da usina entram agora em uma etapa decisiva, já baseada em um acordo firmado entre os dois países em abril de 2024. Segundo ele, a ata foi assinada pelo ministro de Minas e Energia do Brasil, Alexandre Silveira, e pelo ministro das Relações Exteriores, juntamente com seus respectivos ministros paraguaios.
O documento estabelece que, a partir de janeiro de 2027, passará a vigorar o Custo Unitário do Serviço da Energia (CUSE) — modelo que define o custo vinculado exclusivamente à manutenção da usina. Esse entendimento já recebeu o aval oficial de ambos os governos e servirá como base para todas as conversas técnicas que ocorrerão até o ano que vem.
Verri informou que, no dia 11 de dezembro, ocorrerá a primeira reunião entre as equipes técnicas dos dois países, dando início formal ao processo de definição do chamado Anexo C, considerado por ele um acordo “estruturante” para os próximos 50 anos. Paralelamente, será discutida também a tarifa de energia — classificação que o diretor-geral denomina “conjuntural”, pois é definida anualmente. A expectativa é de que a tarifa para 2027 esteja concluída até meados do próximo ano.
De acordo com Verri, há determinação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o processo resulte em redução tarifária. Ele destacou que, na atual gestão, a tarifa de Itaipu já foi reduzida em 26%, congelada por quatro anos, e deverá cair ainda mais com as novas regras. “O que posso garantir é que isso é resultado de negociação dos ministros e determinação do presidente Lula. A tarifa vai baixar”, afirmou, lembrando que os valores exatos dependerão do consenso final entre os dois países.
O diretor-geral também abordou a preocupação sobre a continuidade dos investimentos socioambientais realizados por Itaipu, um dos pilares da atuação da binacional nos municípios que integram a região de influência do reservatório. Verri garantiu que esses investimentos serão mantidos, ainda que possam passar por ajustes conforme a tarifa definida.
Ele ressaltou, porém, que não existe possibilidade de uma Itaipu sem política socioambiental, já que a própria operação da usina depende da preservação ambiental. “A matéria-prima de Itaipu é a água. Se não houver investimento socioambiental, o reservatório será assoreado e aí não terá Itaipu”, alertou.
Para Verri, a relação entre a gestão da água, os cuidados ambientais e a operação da usina é “uma coisa só”. Mesmo que os valores destinados a projetos socioambientais variem com o novo modelo tarifário, ele assegura que a essência do trabalho desenvolvido até agora será preservada, garantindo sustentabilidade e segurança para o futuro de Itaipu.




















































