O Conselho Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu (COMUS) cobrou, por meio de ofício encaminhado à Secretaria Municipal de Saúde, esclarecimentos urgentes sobre uma série de problemas que estariam comprometendo a segurança de pacientes atendidos no Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL). As denúncias foram apresentadas por médicos das áreas de ortopediatria e neurocirurgia, que relataram falhas estruturais, desorganização de fluxos e carência de materiais essenciais para procedimentos cirúrgicos.
Segundo os relatos colhidos pelo COMUS em audiências realizadas nos dias 22, 29 e 30 de outubro, crianças com “pé torto congênito” estariam enfrentando atrasos em retornos, trocas de gesso e continuidade de tratamento — situação já confirmada em ao menos dois casos concretos. Os médicos também indicaram que outros pacientes estariam na mesma condição. O ortopedista ouvido pelo Conselho afirmou ainda a existência de uma demanda reprimida de cerca de 80 crianças aguardando cirurgias eletivas de baixa e média complexidade, que não estariam sendo agendadas devido à “desorganização das salas cirúrgicas”. Segundo ele, esses atrasos podem provocar sequelas irreversíveis pela perda da janela ideal de intervenção.
Na área de neurocirurgia, as denúncias incluem falta de materiais básicos, ausência de instrumentais adequados e falhas nos protocolos sanitários em casos de urgência e emergência. O médico responsável relatou dificuldades decorrentes da pouca experiência de equipes de enfermagem e instrumentação, o que comprometeria a precisão, o tempo de resposta e a segurança dos procedimentos. Ele e outros profissionais acionaram a direção da Fundação Municipal de Saúde no fim de setembro.
Ambos os médicos mencionaram um alto número de eventos adversos associados ao funcionamento do centro cirúrgico, que atingiriam diferentes especialidades. O COMUS solicitou um levantamento completo desses registros, com causas, consequências e medidas adotadas.
O Conselho também pediu informações sobre abertura de sindicâncias e processos administrativos, comprovação de compras de insumos e equipamentos, qualificação das equipes, planejamento de habilitações dos serviços e relatório detalhado das ações corretivas.
A reportagem apurou que, após intermediação de vereadores, o serviço de Neurocirurgia firmou um acordo temporário de 60 dias para ajustes internos e manutenção do atendimento. O COMUS reforçou a gravidade dos relatos e pediu que, ao final da apuração, o gestor da Saúde compareça ao colegiado para apresentar as medidas adotadas.
As denúncias repercutem em um momento em que o HMPGL é referência regional em trauma, ampliando a preocupação sobre possíveis impactos diretos na assistência e na segurança de pacientes e trabalhadores.
A reportagem da Rádio Cultura entrou em contato com a diração do Hospital Municipal, mas até o momento da publicação desta reportagem não houve retorno.





















































