A Polícia Federal deflagrou nesta terça-feira (18) a Operação Escolta, com o objetivo de desmantelar uma organização criminosa especializada na importação irregular de eletrônicos de alto valor, principalmente celulares, do Paraguai para o Brasil. A ação se estendeu por 12 municípios em quatro estados e revelou um esquema sofisticado de contrabando, lavagem de dinheiro e tráfico de armas.
Esquema envolvia cotas, escolta armada e tecnologia de contrainteligência
Segundo o delegado Carlos Bianchi, chefe do Grupo de Repressão a Crimes Fazendários da PF em Foz do Iguaçu, o grupo utilizava diversas estratégias para internalizar os aparelhos, incluindo a fragmentação da carga por meio das chamadas “cotas” ou “cotinhas”. “Identificou-se que o grupo operava mediante a internalização de aparelhos celulares via Ponte da Amizade, com o que eles denominavam de cotas ou cotinhas, que é aquele volume de celulares no valor de até 500 dólares. Eram centenas de viagens por dia, normalmente em motocicletas, para evitar repercussão criminal”, explicou o delegado.
Além da travessia pela ponte, o grupo também utilizava rotas fluviais pelo Rio Paraná e fundos falsos em veículos para transportar maiores quantidades.
Transporte com escolta e depósitos em condomínios
Após a entrada no país, os celulares eram armazenados em imóveis de alto padrão em Foz do Iguaçu e posteriormente enviados para grandes centros como Curitiba, São Paulo e Goiânia. O nome da operação faz referência à tática de segurança usada pela quadrilha.“Essa operação recebeu o nome de Escolta, tendo em vista que o transporte dessas mercadorias estrangeiras era realizado com o auxílio de um veículo de escolta para proteção da carga”, destacou Bianchi.
Raio-x contra rastreamento e logística milionária
A PF também identificou o uso de equipamentos de raio-x para detectar dispositivos de rastreamento nos celulares antes do transporte, como medida de proteção contra roubos por outros grupos criminosos.“Eles utilizavam esse equipamento para identificar eventuais dispositivos de rastreamento que pudessem dar a localização das cargas”, afirmou o delegado. O aparelho foi apreendido na casa de um dos investigados.
As investigações apontam que uma única integrante do grupo movimentou cerca de R$ 50 milhões em celulares por meio das cotas em apenas um ano. O valor total do esquema pode ser o dobro, segundo a PF.
Tráfico de armas como atividade acessória
Durante a operação, também foram identificadas negociações de armas de fogo entre os investigados, utilizadas para escolta e segurança dos depósitos.“Alguns dos investigados solicitavam para um contato do Paraguai o envio dessas armas para uso pessoal e proteção da carga”, disse Bianchi.
Mandados e próximos passos
A operação cumpriu 35 mandados de busca e apreensão e cinco de prisão preventiva. Duas prisões foram realizadas até o momento, e outras devem ocorrer ao longo do dia.“Diversas buscas resultaram na apreensão de armas e produtos estrangeiros, com lavratura de autos de prisão em flagrante”, informou o delegado. Com a prisão dos indiciados, os prazos para conclusão do inquérito foram reduzidos. A PF segue analisando os materiais apreendidos e deve encaminhar parte da investigação ao Judiciário nos próximos dias.




















































