Muita gente conhece e reconhece Nelson Rodrigues como um escritor de grande fôlego e importância dentro do panorama do moderno teatro brasileiro. Na postagem da semana passada, inclusive, ele foi o tema, mesmo com o foco direcionado para a literatura. Como disse, falar sobre Nelson é desafiador. Há várias perspectivas, várias possibilidades para debater sobre sua vida e obra.
Contudo, poucos sabem sobre Suzana Flag, um pseudônimo adotado por Nelson em quatro romances que circularam, sob a forma de folhetim, entre os anos de 1944 a 1947. Talvez por essa razão, a iniciativa da Editora Nova Fronteira de publicar “Meu Destino é Pecar” tenha suscitado nos leitores uma curiosidade só saciada quando se chega ao final de 587 páginas.
O folhetim conta a história de Leninha, uma jovem obrigada a casar-se com Paulo, um viúvo rico, em troca da dívida de sua família. Após o casamento Leninha vai morar com Paulo na Fazenda Santa Maria, onde vivem outros membros da família, como o irmão mais novo do viúvo, Maurício, por quem Leninha interessa-se perdidamente.
Em tom confessional o drama é escrito em primeira pessoa e conta os conflitos de Leninha, que além de sentir-se presa e enredada pelas tramas da família de Paulo, ainda precisa lidar com o “fantasma” da primeira esposa, mulher perfeita, que morrera de forma trágica, dilacerada pelos cães da fazenda.
O melodrama, típico das relações formadas por triângulos amorosos termina com um tom de moralidade, como se a própria Leninha narrasse não apenas as usas paixões, mas a sua queda e seus aprendizados.
“Meu Destino é Pecar”, originalmente publicado no jornal O Jornal, dos Diários Associados, em 1944 foi adaptado para o cinema em 1952 e no ano de 1984 virou uma minissérie exibida na televisão.
A obra sai do papel e transforma-se em história representada por seus personagem, em enredo da vida vista por Nelson Rodrigues, assinado por Suzana Flag.
Até o próximo porto!
Estella Lucas