Tema frequente e enraizado na literatura universal ou repaginado em adaptações no cinema, o “Amor Eterno” apresenta-se, por vezes, de maneira despretensiosa em uma comédia romântica, outras vezes em dramas duros e melancólicos dignos de um terror bem escrito, ou em um verdadeiro terror clássico e sombrio.
Hoje o convite é para navegarmos pela intersecção desses dois mares: o da Literatura e o do Cinema em histórias contadas sobre um mesmo mito folclórico ou personagem real, o temido Conde Drácula.
Drácula de Bram Stoker, (romance publicado em 1897 e um dos maiores clássicos da literatura gótica) e o recém-lançado Drácula: Uma História de Amor Eterno (uma adaptação cinematográfica lançada em 2025) de Luc Besson, partem do mesmo mito, mas caminham por trilhas narrativas e emocionais muito distintas.
Na obra original, Stoker constrói sua história em formato epistolar, unindo cartas, diários e recortes de jornal para criar uma atmosfera de verossimilhança e suspense. O conde é uma figura de terror absoluto: um predador implacável. A narrativa se concentra no horror, no mistério e na luta coletiva para deter uma força maligna.
Já na adaptação de Besson, o centro de gravidade muda completamente. O filme abandona o terror como eixo principal e abraça a tragédia romântica, apresentando um Drácula humanizado, marcado pela perda da esposa no século XV e condenado à imortalidade como consequência de seu luto e revolta contra Deus. Ambientada em parte na Belle Époque, a história destaca o reencontro do vampiro com uma mulher idêntica à amada perdida, transformando o personagem em um herói melancólico, movido por amor e culpa.
Enquanto Stoker pinta o conde como uma ameaça a ser combatida, Besson o apresenta como um ser dilacerado, capaz de despertar empatia. A tensão e o medo que marcam o romance de 1897 dão lugar, no filme, a uma estética luxuosa e poética, com momentos que oscilam entre o drama e um certo humor inusitado.
Não posso deixar de fazer uma pequena parada em outro porto das versões de Drácula, o que apresenta a exuberante adaptação de Drácula de Bram Stoker, filme de 1992 dirigido por Francis Ford Coppola, que traz, como nas outras versões, o desconforto do amor impossível e a incansável tentativa de eternizá-lo. Coppola retrata um conde quase “crístico”, não por menos o filme recebeu 4 Oscars, a maior premiação do cinema mundial.
Assim, o mito do vampiro se desloca, entre idas e vindas, do horror para o melodrama, revelando como a figura de Drácula pode ser reinventada de acordo com as sensibilidades de cada época.
E você, já leu ou assistiu algum dos filmes de Drácula?
Aqui em Foz do Iguaçu, Drácula: Uma História de Amor Eterno está em cartaz e eu não vou perder!
Estella Parisotto Lucas
Em Navega Cultura