Histórias de paixões “enlouquecedoras!”
Layla e Majnun é uma antiga história de amor árabe, contada em um poema persa escrito no século XII pelo poeta Nizami Ganjavi. A história narra a paixão proibida entre dois jovens Layla e Qays, que impedido de viver seu amor pela jovem, enlouquece, ficando conhecido como “o louco” (majnun).
A lenda tem raízes na tradição árabe pré-islâmica, mas foi o poeta persa quem deu à história a sua versão mais conhecida, incorporando elementos de sua cultura. O épico tem cerca de 4.600 estrofes, afinal conta a lenda ,que o poema foi escrito conforme o desenrolar da sua própria história, como se fosse um diário de Qays que relatava toda a sua angústia e esperança.
Mais um símbolo do amor eterno nunca vivido, drasticamente proibido pelas famílias e que termina em tragédia, Layla e Majnun, assim como Romeu e Julieta de Shakespeare (escrito quatro séculos depois) nunca puderam viver a inquietude da paixão avassaladora que sentiam um pelo outro.
Layla e Majnun. Imagens do Museu do Patrimônio. USM
Contra a sua vontade e por determinação de seu pai, Layla é obrigada a casar-se com Salam, um homem de condições de vida muito melhores dos que o pobre Qays tinha. Sem amor pelo marido Layla nunca consumou seu casamento. Em algumas versões o próprio Salam, sentindo-se rejeitado morre.
Um certo tempo depois, os eternos apaixonados reencontram-se, mas não conseguem consumar o amor idealizado. A vida continua, o tempo volta a passar, Layla adoece e morre. Majnun ao saber, vai ao seu encontro e debruçado sobre o seu túmulo chorando pelo que não conseguiram viver, morre. naquele momento, unem-se na eternidade dos amores impossíveis.
Paixões platônicas ou grandes histórias de amor seguem sendo narradas e entrelaçadas às histórias reais, vividas por pessoas comuns que por vezes resolvem deixar registrado através da Arte.
Eric Clapton, um dos maiores e mais influentes guitarristas da história do rock, também utilizou da arte das palavras para compor uma de suas mais lindas músicas que traz como intertexto a sua paixão por Pattie Boyd, na época casada com um grande amigo e Beatle, George Harrison.
George Harrison, Pattie Boyd e Eric Clapton
Mergulhado em um triângulo amoroso, completamente apaixonado por Pattie , Eric inspirado no poema persa que havia recém recebido como presente, trouxe Layla para a atualidade. Em uma adaptação moderna declarou-se perdidamente a Pattie nos versos da sua canção lançada em 1971.
Diferentemente de Majnun, ou mesmo de Romeo e pelas mãos do destino, anos após o lançamento da música Layla, Eric e Pattie, após divorciar-se de George, casaram-se e puderam finalmente desfrutar da sua história.
Na vida real e com situações reais a paixão ou grande amor encontrou, após quase uma década, seu fim. Assim como o grande Vinícius de Moraes um dia escreveu no seu Soneto de Fidelidade: “que seja infinito enquanto dure” a história do “amor enlouquecedor” permaneceu consagrado, pelo tempo que durou, em Layla a música.
E você sabia dessas conexões?
Ah! Além de Layla, Eric Clapton compôs e lançou, também, Wonderful Tonight (1977) tendo Pattie Boyd como sua sua grande inspiração.
Músicas de Eric para Pattie
Vou deixar aqui os links das músicas.
Layla: https://youtu.be/fX5USg8_1gA?si=SOR_7AofeJ6l1TII
Wonderful Tonight: https://youtu.be/UprwkbzUX6g?si=OTYPIojslVJolkPH
Até a próxima conexão pelos Sete Mares da Arte…
Estella Parisotto Lucas