Viralizou nas redes sociais no fim de semana um vídeo de um senhor enrolado em cobertores, numa cadeira de rodas, onde se pode ouvir a voz de uma mulher afirmando que o idoso foi obrigado a desocupar o leito onde estava internado ainda sedado e sem roupas. No áudio, ela diz que é hospital, mas a Rádio Cultura apurou que o caso ocorreu na UPA João Samek.
Segundo sua neta, Amanda – a voz do vídeo – o senhor em questão é Ari Egon Kock, 69 anos, epilético, que na última sexta-feira, feriado de Corpus Christi, teve uma crise no início da tarde. Acionado pelo filho do paciente, o Samu levou o idoso para a UPA João Samek.
Lá, ainda segundo o relato da neta, o seu Ari passou a tarde sedado. Na troca de acompanhantes, que se deu por volta das 18h, o filho do seu Ari, trocou de posto com a neta, que também não pôde ficar junto ao leito do paciente. “Me falaram para ficar nas cadeiras do lado de fora da emergência, onde permaneci até 19h30 quando avisaram que meu avô estava de alta”, narrou Amanda.
A partir deste momento, o que era para ser mais uma crise de epilepsia contornada, se transformou no verdadeiro pesadelo de muitos daqueles que dependem da saúde pública. “Entrei na sala de emergência e tentei acordar meu avô, que estava ainda sedado e com muito sono. Ele não sabia que estava de alta, não verificaram se ele tinha condições de ir para casa. O enfermeiro que estava comigo pediu para eu ir atrás de uma cadeira de rodas. Andei pela UPA e não encontrei, até que uma funcionária me entregou uma cadeira. Quando voltei para sala de emergência, já estavam tirando os aparelhos do meu avô que só estava de fralda. O enfermeiro disse que não dava tempo de colocar as roupas porque estava chegando um paciente baleado e que precisava desocupar o leito rapidamente. Ele colocou meu avô na cadeira de rodas, com a minha ajuda, e a empurrou até o local de chegada das ambulâncias, avisando que era pra gente esperar nosso carro ali. Foi onde gravei o primeiro vídeo”, contou.
Questionada sobre o motivo de ter ficado do lado de fora da UPA, ela explicou que o funcionário não a deixou permanecer com o avô na recepção. Mas, devido ao frio, (seu Ari estava enrolado em dois cobertores que a neta tinha levado de casa) ela contrariou as ordens e foi se abrigar na recepção até que seu tio chegasse para buscar ambos.
O paciente não estava totalmente recuperado da crise e, na segunda-feira, teve de buscar atendimento médico novamente. Porém, desta vez, a família optou por levá-lo à UPA Morumbi. Felizmente, seu Ari está bem e em casa.
A Secretaria de Comunicação Social da prefeitura informou que ‘assim que a coordenação da UPA Samek tomou conhecimento do vídeo, entrou em contato com a família. Diante do relato, a orientação foi para que a denúncia fosse formalizada por meio da Ouvidoria, o que permite a apuração adequada do caso, seguindo os procedimentos administrativos internos. A equipe que atendeu o paciente afirma que os fatos divulgados não correspondem ao que de fato ocorreu, o que reforça a importância da formalização’.