O Hospital Municipal Padre Germano Lauck (HMPGL) realizou nesta quinta-feira (5) a oitava captação de órgãos de 2025. O procedimento foi possível graças à autorização da família de O. P. M., 50 anos, que teve morte encefálica confirmada após um Acidente Vascular Cerebral (AVC) isquêmico com transformação hemorrágica. Conduzida pela equipe da Organização de Procura de Órgãos (OPO) de Cascavel, a União Oeste Paranaense de Estudos e Combate ao Câncer (UOPECAN) realizou a intervenção com sucesso no centro cirúrgico da unidade.
A doação permitiu a captação de fígado, rins e tecidos, que serão destinados a pacientes compatíveis, por meio da Central Estadual de Transplantes do Paraná. O doador, segundo os familiares, era conhecido pela generosidade e espírito solidário — características que, mesmo após sua morte, se transformaram em esperança para pessoas que aguardam na fila nacional de transplantes.
“Foi uma decisão difícil, mas acreditamos que ele gostaria de continuar ajudando quem mais precisa. Isso é o que dá sentido a tudo”, afirmou um dos familiares.
De acordo com Marta Neves Pereira, enfermeira responsável pela Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do HMPGL, o envolvimento da família e a estrutura hospitalar são pilares para o êxito do processo. “Nosso trabalho é, sobretudo, sensibilizar e acolher as famílias num momento de dor. A decisão deles salva vidas”, destacou.
Com oito captações registradas até o momento neste ano, o Hospital Municipal consolida sua posição como referência regional no Sistema Nacional de Transplantes. Em 2024, foram 26 captações efetivadas. Em 2023, 48 notificações resultaram no mesmo número de captações. A unidade atua sob a coordenação da OPO de Cascavel, uma das quatro em funcionamento no estado — ao lado de Curitiba, Maringá e Londrina.
A diretora-presidente do hospital, Iélita Santos, reforça o papel estratégico da unidade. “Estamos integrados a uma rede estadual altamente organizada. Cada captação representa uma vitória da vida sobre a perda, e isso só é possível com o engajamento de profissionais, estrutura adequada e, principalmente, da solidariedade das famílias.”
O Paraná mantém a liderança nacional em doações e transplantes. Em 2024, o estado atingiu taxa de 42,8 doações por milhão de população (pmp), mais que o dobro da média nacional. Apenas em janeiro daquele ano, foram 68 transplantes realizados — um recorde. A política pública é coordenada pela Central Estadual de Transplantes, ligada ao Ministério da Saúde por meio do Sistema Nacional de Transplantes.
A fila de espera para transplantes é única e de abrangência nacional, sendo organizada com base em critérios técnicos e éticos . Não há distinção entre pacientes da rede pública ou privada. No Brasil, a autorização para a doação de órgãos após a confirmação da morte encefálica deve ser concedida pela família.