O Ministério Público do Paraguai requereu oficialmente a abertura do processo de extradição do brasileiro Carlos Roberto Valiati, preso recentemente na Argentina. Ele foi preso pela Interpol enquanto seguia para uma pescaria, na companhia de um ex-prefeito da região Oeste do Paraná, sendo detido durante o deslocamento e colocado à disposição das autoridades para os procedimentos legais.
Ele é investigado pelos crimes de apropriação e lesão de confiança, que apura um esquema de fraudes financeiras envolvendo uma grande empresa de comércio de equipamentos agrícolas, sediada em Ciudad del Este.
O esquema de desvios e empréstimos com documentos falsos teria rendido milhões de dólares. Somente neste processo aberto em 2016, a empresa pleiteia a devolução de sete milhões de dólares, mas o rombo teria sido bem maior.
O pedido foi formalizado pelo agente fiscal Luis Fernando Escobar e encaminhado ao Juizado Penal de Garantias nº 7, responsável por expedir o pedido por meio da Chancelaria Nacional, passo necessário para que a solicitação seja apresentada às autoridades argentinas.
Valiati foi detido no dia 11 de dezembro de 2025, no Ponte Internacional Tancredo Neves, após agentes da Gendarmería Nacional Argentina identificarem que havia contra ele uma Notificação Vermelha da Interpol. Desde então, o suspeito permanece sob custódia da polícia argentina, em Puerto Iguazu, enquanto aguarda a ratificação do pedido de extradição por parte do Estado paraguaio. Argentina e Paraguai são signatários de acordo de extradição.
Segundo as investigações, Carlos Valiati era sócio e exercia os cargos de gerente-geral e administrador de uma grande empresa do ramo de implementos agrícolas (CAISA), localizada em Ciudad del Este. A acusação sustenta que ele teria se aproveitado da função de confiança para executar manobras financeiras irregulares, incluindo a suposta duplicação e falsificação de notas promissórias de clientes.
Esses documentos, conforme a apuração fiscal, teriam sido utilizados como garantia para a obtenção de empréstimos pessoais junto a instituições bancárias, provocando prejuízos diretos ao patrimônio da empresa.
Auditorias internas também apontaram que o investigado recebia valores da companhia sem o devido registro contábil e realizava transferências diretas para contas bancárias particulares. Os levantamentos indicam que os desvios chegaram a alcançar cerca de 40 mil dólares por mês, quantia muito superior à remuneração oficial do cargo.
Após apresentar uma renúncia repentina, em junho de 2016, Valiati deixou o Paraguai levando uma caminhonete pertencente à empresa e passou a ser considerado foragido da Justiça, condição que se manteve até sua recente localização e prisão na fronteira argentina. As informações são do Ministério Público do Paraguai.
A defesa de Carlos Valiati “informa que de fato ocorreu a detenção no território argentino em razão de um pedido oriundo de autoridade judiciária paraguaia, em processo que o acusado jamais recebeu citação ou qualquer intimação sobre a tramitação. Nunca houve expedição de carta rogatória ou qualquer outra comunicação sobre o processo. A defesa apurou, ainda, que o pedido de detenção foi realizado após a revelia ter sido decretada, mesmo com violação às normas processuais e garantias inseridas em acordos bilaterais entre Brasil e o Paraguai, bem como em tratados internacionais”, diz a nota enviada pela advogada Fabiana Irala.
