O mês de dezembro de 1896 ocupa um lugar especial na história da literatura brasileira. Foi nesse período que Machado de Assis, ao lado de um grupo de escritores e intelectuais, participou das primeiras reuniões de fundação da Academia Brasileira de Letras (ABL) — instituição criada para valorizar a língua portuguesa e fortalecer a produção literária nacional.
Inspirada na Académie Française, a ABL nasceu em um momento decisivo da história do país, poucos anos após a Proclamação da República, quando o Brasil buscava consolidar sua identidade cultural. A presença de Machado de Assis como idealizador e liderança do projeto conferiu à Academia prestígio imediato e profundo significado simbólico.
Registros históricos da Academia Brasileira de Letras mostram que o processo de criação da instituição começou a se desenhar publicamente ainda no mês de novembro daquele ano e se consolidou ao longo de dezembro:
“As primeiras notícias relativas à fundação da ABL foram divulgadas a 10 de novembro de 1896, pela Gazeta de Notícias, e, no dia imediato, pelo Jornal do Commercio. Teriam início as sessões preparatórias: na primeira, às três da tarde de 15 de dezembro, na sala de redação da Revista Brasileira, na Travessa do Ouvidor, nº 31, Machado de Assis foi desde logo aclamado presidente.”
(Fonte: Site – Academia Brasileira de Letras)
O trecho evidencia o reconhecimento imediato de Machado como figura central do projeto. Mais do que o maior escritor brasileiro de seu tempo, ele atuava como articulador da vida cultural, atento à necessidade de preservar a memória literária e garantir reconhecimento institucional aos autores nacionais.
Em 1897, com a instalação oficial da Academia Brasileira de Letras, Machado de Assis assumiria formalmente o cargo de primeiro presidente, função que exerceu até sua morte, em 1908 — motivo pelo qual ficou consagrado como o “presidente perpétuo” da ABL.
A relação entre Machado de Assis e a Academia ultrapassa o aspecto institucional. Sua trajetória, marcada por rigor estético, ironia refinada e olhar crítico sobre a sociedade brasileira, está intimamente ligada aos valores que a ABL se propôs a defender: a permanência da palavra, o cuidado com a língua e o diálogo entre tradição e renovação.
Fato é que há muito para contar sobre Machado de Assis, quase um “para cada porto, um novo conto” que desvenda pequenos trechos dos mistérios dos olhos dissimulados, ou não, de Capitu. Um epílogo de Dom Casmurro em outros tantos versos.
Até a próxima parada!























































