Clarice, sempre nascente
Hoje celebramos o nascimento de Clarice Lispector, que veio ao mundo em 10 de dezembro de 1920 e, de forma quase mística, despediu-se dele no mesmo dia, em 1977 — completando um ciclo que parece ter sido inventado por ela própria como em uma de suas verdades inventadas ou quiçá escrito pelas próprias mãos do destino. Um ciclo que não se encerra, porque Clarice permanece eterna na infinitude das letras.
Ler Clarice é entrar num território íntimo, quase proibido, onde as palavras parecem sussurradas direto no nosso pensamento. É como se ela conhecesse nossas inquietações mais antigas, aquelas que nem nós sabíamos nomear. E é por isso que, toda vez que abrimos um livro seu, sentimos que também estamos nascendo um pouco.
Quem a lê carrega memórias: o dia em que uma frase virou chave, quando um parágrafo nos despiu de certezas, quando “A Hora da Estrela” doeu como verdade, quando “Água Viva” acendeu uma coragem silenciosa. Clarice tem esse poder: nos coloca diante do que somos, mas com uma delicadeza que quase consola.
Hoje, no Navega Cultura, deixo essa lembrança acesa: Clarice chegou e partiu no mesmo dia, mas nunca foi embora. Ficou ali — no intervalo das palavras, na brecha dos silêncios, no espanto das coisas simples. Clarice é permanência. É estrela nascente e contínua. É farol para quem busca sentir mais fundo.
Que o dia de hoje nos lembre da força de olhar para dentro — com a mesma valentia suave que ela nos ensinou.
Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato…
Ou toca, ou não toca.
Feliz Vida, Clarice!
Até o próximo porto…
Estella Lucas!
Fontes:
Frase de Clarice: Trecho de entrevista com Júlio Lerner para a TV Cultura, em 1977. Publicada em O Pensador: https://www.pensador.com/frases_de_clarice_lispector/
Imagem do post: NeoFeed: https://neofeed.com.br/finde/a-redescoberta-de-clarice-lispector-vai-do-pop-ao-erudito/
