Educadores sociais protestam por isonomia salarial e condições de trabalho dignas

Manifestação cobrou atualização de referências, carga horária justa e contratação de profissionais para o Cadastro Único, hoje repassado à categoria.

Foto: Leandro Zanotto/Rádio Cultura

Educadores sociais realizaram, na manhã desta segunda-feira (8), uma manifestação em frente à prefeitura para cobrar a atualização de referências salariais, isonomia na carreira e a contratação de profissionais específicos para o atendimento do Cadastro Único. Com bandeiras e apitos, o ato pacífico também chamou atenção para a sobrecarga de trabalho e a necessidade de melhores condições para garantir um atendimento adequado à população.

A educadora social Karina da Cunha Dhein relatou que a principal reivindicação do grupo é a correção das referências salariais. Segundo ela, o salário inicial da categoria é inferior ao de trabalhadores com ensino médio, mesmo exigindo formação específica e carga horária maior. Karina explica que os educadores sociais trabalham nove horas por dia, e não 40 horas semanais como outras categorias. “Estamos buscando o mínimo, que é sair da referência 52 para a 57. Precisamos de isonomia”, afirmou.

Ela destaca que as condições atuais afetam diretamente o atendimento prestado à população. “Para cuidar das famílias, também precisamos cuidar da nossa saúde mental. Não dá para trabalhar nove horas por dia”, disse. Outro ponto levantado é a falta de entrevistadores sociais, profissionais responsáveis pelo Cadastro Único. Segundo Karina, esses trabalhadores foram desligados há cerca de quatro a seis meses, e desde então os educadores sociais têm sido pressionados a assumir a função.

A educadora reforça que essa atividade não faz parte das atribuições do cargo. “Está na Resolução, está no CNAS — Classificação Nacional de Assistência Social. Nosso CBO (Classificação Brasileira de Ocupação) é diferente do de entrevistador social. Não é a mesma função”, afirmou. De acordo com ela, alguns trabalhadores têm feito hora extra para cumprir a demanda, o que agrava ainda mais a sobrecarga. “Esse trabalho não pode acontecer dessa forma. Tem que ser feito por pessoas qualificadas e designadas para isso”, defendeu.

Foto: Leandro Zanotto/Rádio Cultura

Karina também alerta que substituir profissionais especializados prejudica o caráter pedagógico do trabalho dos educadores sociais. “Não se pode simplesmente pegar um educador social, que faz prevenção e fortalecimento de vínculos, e colocá-lo para fazer um trabalho fiscalizatório”, explicou. Ela afirma que a categoria tenta diálogo há meses, com assembleias e reuniões, mas não teve retorno da gestão municipal. “Estamos sendo prejudicados e, por isso, viemos aqui, mesmo debaixo de chuva, pedir respeito e melhores condições”, concluiu.

Prefeitura

A Prefeitura de Foz do Iguaçu informou que recebeu, nesta segunda-feira (8), representantes dos educadores sociais em uma agenda de diálogo para tratar das reivindicações apresentadas pela categoria. Segundo a administração municipal, o encontro reafirmou o compromisso da gestão com a escuta e a busca por soluções construídas de forma responsável e transparente.

Durante a reunião, ficaram definidas duas novas datas para a continuidade das tratativas: no dia 23 de janeiro, será reavaliada a questão da carga horária de trabalho; e em 27 de fevereiro, a discussão será sobre o cenário do plano de cargos e carreiras. A Prefeitura destacou que o Município conta atualmente com 110 educadores sociais ativos.

O Executivo municipal acrescentou que está em elaboração um parecer técnico da área de Assistência Social e da Procuradoria-Geral do Município (PGM) para analisar as atribuições do cargo, etapa considerada essencial para subsidiar uma proposta consistente. Também está em articulação a criação de uma comissão destinada a estudar uma possível reforma no plano de cargos e carreiras. A gestão reforça que qualquer atendimento às demandas depende de análise técnica e disponibilidade orçamentária, mas mantém o diálogo aberto para construir soluções viáveis e com participação dos servidores.

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