“Essa casa é um palácio”: o sonho de Dona Maria
Durante a entrega oficial das casas a emoção tomou conta de Dona Maria de Lurdes de Jesus, que por mais de uma década viveu na ocupação, em uma casa improvisada, exposta à umidade, à lama e ao medo constante de perder tudo a cada chuva forte.
“Eu achei um sonho. A gente morava num lugar ruim, sem condição nenhuma. Quando eu entrei, falei: ‘Meu Deus, eu não acredito que estou entrando na minha casa’. Pedi tanto a Deus. Essa casa é um palácio.”
Ao segurar a chave, Dona Maria se emociona sem conseguir terminar algumas frases.
“Eu nunca pensei que ia viver isso. Eu dizia pras minhas amigas: ‘um dia ainda vou ter uma casinha’. Mas no fundo eu achava que não ia chegar. Hoje eu posso falar: chegou. Aqui eu vou ter paz. Aqui eu vou descansar sem medo.”
Ela também lembrou das dificuldades no antigo local:
“Lá, se chovia, a gente já levantava correndo pra salvar o que tinha. Tinha noite que eu nem dormia, ficava escutando o barulho da água. Agora, não. Agora eu entro, fecho a porta e sei que estou segura.”
Dona Rosenilde: “Entrava água até a cintura”
Também contemplada, Dona Rosenilde de Souza carrega na memória momentos de desespero sempre que o tempo fechava.
“Quando chovia muito, entrava água até a cintura. Era um desespero. Eu levantava minhas coisas, colocava meus meninos em cima da cama e ficava esperando a água baixar.”
Ela contou que, ao receber a notícia da mudança, não conseguiu segurar o choro.
“Agradeço muito a Deus e à Itaipu. Eu até chorei quando me contaram que eu ia sair daquele lugar. Parecia mentira. A gente já estava acostumada com o sofrimento, achando que ia ser sempre assim.”
Na casa nova, a rotina virou outra.
“Agora eu posso lavar minha louça tranquila, posso arrumar minha casa sem medo, posso dormir sem ficar olhando pra enxurrada. Meus filhos falaram: ‘mãe, agora a gente tem um lar de verdade’. Isso não tem preço.”
Prefeito General Silva e Luna: “Aqui essas famílias começam uma vida nova”
O prefeito de Foz do Iguaçu, general João Silva e Luna, destacou que a entrega das novas moradias representa uma virada histórica na política habitacional do município.
“Hoje é um dia de dignidade. Essas famílias, que enfrentaram tanta dificuldade, começam aqui uma vida nova. Isso é resultado de união, planejamento e respeito pelas pessoas.”
Silva e Luna enfatizou que o trabalho não se limita à construção das casas, mas envolve um processo de reconstrução social.
“Não estamos entregando apenas paredes e telhados. Estamos entregando segurança, estabilidade e esperança. Cada família que entra por essa porta deixa para trás o medo da enchente, da chuva, da insegurança.”
O prefeito também reconheceu o papel das instituições envolvidas no projeto.
“Quando Prefeitura, Itaipu, PTI e Foz Habita trabalham juntas, quem ganha é a população. É assim que se faz política pública: com responsabilidade e parceria.”
Para ele, a entrega das 52 casas inaugurou um novo padrão para os próximos projetos habitacionais de Foz.
“Esta obra mostra que Foz do Iguaçu pode, sim, ser referência nacional em habitação social. E vamos seguir avançando. Nosso compromisso é com as famílias que mais precisam.”
Ivatan Batista (Foz Habita): seleção das famílias e o avanço habitacional em Foz
O diretor-superintendente do Foz Habita, Ivatan Batista, explicou como as primeiras moradias foram destinadas às famílias que viviam em palafitas às margens da nascente do Rio Poty.
“Foi feito um trabalho técnico-social. As pessoas que viviam exatamente na área crítica, em palafitas na beira do rio, foram contempladas neste primeiro lote.”
Ivatan reforçou que a transformação está apenas começando:
“Hoje estamos entregando 52 moradias, mudando a realidade de pessoas que viviam em condições muito tristes. No próximo ano, entregaremos mais 60 moradias que já estão em fase final.”
Ele também detalhou o volume de novos projetos habitacionais:
“Estamos construindo 512 apartamentos no Morumbi e na Fátima Osman, diretamente para atender a fila do Foz Habita. Há mais 400 apartamentos em fase de aprovação, somando 912 unidades.”
O diretor lembra que o cenário habitacional também conta com novos empreendimentos privados:
“Temos um projeto de 360 casas em Três Lagoas e outro de 2.000 casas, de uma empresa que está vindo para Foz. É um momento muito importante para a habitação no município.”
Enio Verri: missão social da Itaipu
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Enio Verri, reforçou que o programa cumpre uma determinação direta do presidente Lula e marca um novo ciclo de investimentos sociais da hidrelétrica.
“O presidente Lula me pediu inclusão social e mudança de vida das pessoas. São 52 famílias vivendo agora com dignidade, em um bairro estruturado, bonito e seguro.”
Verri destaca que o projeto representa um retorno simbólico da Itaipu à sua vocação social:
“Quando uma família sai da beira do córrego e entra numa casa segura, nós não estamos apenas entregando uma chave. Estamos entregando saúde, tranquilidade e a chance de recomeçar.”
Ele também enfatizou a importância da parceria entre as instituições envolvidas:
“Este projeto prova que quando Itaipu, Governo Federal, PTI e Prefeitura caminham juntos, o resultado aparece na vida real das pessoas. É isso que faz valer cada investimento.”
Para Verri, o modelo inaugurado em Foz ultrapassa a fronteira local:
“Essas casas mostram ao Brasil que é possível construir habitação de qualidade, sustentável e rápida. É um modelo que vai se espalhar pelo país, porque dá certo.”
Carlos Carboni: reconhecimento internacional após a COP
O diretor de Coordenação da Itaipu, Carlos Carboni, destacou a repercussão internacional do modelo de moradias sustentáveis.
“É uma casa segura, sustentável, com baixa pegada de carbono. Levamos essa experiência para a COP e estamos firmando protocolos para levar o modelo a outras regiões do Brasil.”
Irineu Colombo (PTI): tecnologia e reconstrução social
O diretor-superintendente do PTI, Irineu Colombo, detalhou o processo de inovação aplicado às novas casas.
“Em seis meses é possível construir 50 casas como estas. Fizemos uma engenharia social para reconstruir a confiança das pessoas, incluindo imersão virtual para orientá-las sobre o cuidado com a nova casa.”
Segundo ele, o Wood Frame — tecnologia usada nas moradias — é moderno, sustentável e de rápida execução.
Iggor Rocha (Itaipu): expansão para Castro e criação de um modelo nacional
O diretor administrativo da Itaipu, Iggor Gomes Rocha, lembrou que o Conjunto Marina Áureo Galdiné o primeiro marco da Frente Nacional de Construções Sustentáveis.
“São casas rápidas, que poluem menos e capturam carbono. O objetivo é que o modelo seja replicado por todo o país.”
Iggor anunciou a expansão:
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160 casas sustentáveis em Castro (PR)
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R$ 30 milhões de investimento da Itaipu
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Prioridade para famílias que vivem em áreas de risco
Leilões da Vila A financiam novas moradias sociais
O diretor explicou que a venda das casas desocupadas da Vila A gera recursos diretos para novas moradias populares.
“As casas já cumpriram seu papel histórico na construção da usina. Agora o recurso vai para habitação popular e infraestrutura urbana.”
O último leilão vendeu três casas — suficiente para financiar 12 novas moradias sociais.
O próximo leilão, marcado para 25 de novembro, colocará à venda 53 imóveis, alguns com desconto de 25%.
