O Itaipu Parquetec estuda a possibilidade de sediar um dos maiores projetos de tecnologia do país: a instalação de um grande datacenter e de um superprocessador de inteligência artificial. A informação foi confirmada pelo diretor-superintendente, Irineu Colombo, que destaca que a proposta partiu do Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC).
Segundo Colombo, o interesse existe porque a região reúne condições naturais e estruturais favoráveis. “Nós fomos procurados pelo LNCC para instalar o maior datacenter e também o maior processador de inteligência artificial aqui, porque nós temos energia e também água – necessária para a refrigeração do equipamento”, explicou. Ele destacou ainda a vantagem geográfica da usina. “Como estamos à jusante da barragem, podemos usar um sistema de bombeamento de água, passar e devolver para o rio”, afirmou.
A ideia está em análise, mas enfrenta um obstáculo importante: o fornecimento de energia em grande escala. Colombo lembra que a Itaipu não pode vender diretamente ao consumidor final. “Como será necessário muito consumo de energia, não seria possível utilizar a energia da Itaipu Binacional. A Itaipu vende para uma transmissora, que por sua vez vende para a distribuidora. Essa é a lógica legal no Brasil”, disse.
Diante disso, alternativas estão sendo estudadas. Colombo cita a possibilidade de atuar com uma distribuidora, como a Copel. “É possível pensar numa solução, como instalar transformadores mais robustos ou usar outras fontes de energia, como baterias. Já estamos trabalhando em soluções nesse sentido”, afirmou.
Rota Binacional de Luz
Paralelamente, o Itaipu Parquetec também avalia o avanço da Rota Binacional de Luz, um corredor de fibra óptica de altíssima velocidade que ligaria Guarulhos a Assunção. O objetivo é melhorar a conectividade regional e viabilizar a instalação de grandes estruturas de processamento. “Temos um projeto que prevê essa conexão até Guarulhos, onde está o principal ponto de troca de tráfego do mundo. Assunção já está conectada, mas com uma conexão fraca”, explicou.
Colombo usa um exemplo simples para mostrar o desafio atual. “Se um menino de Foz do Iguaçu joga videogame com outro em Guarulhos, há grande chance de perder por conta de falhas de dados. Já se joga com alguém em Assunção, ele provavelmente ganha, pois há atraso vindo de lá”, disse. Para ele, o cenário evidencia a necessidade de uma infraestrutura mais robusta.
O projeto da Rota Binacional tem investimento previsto de 35 milhões de dólares. A iniciativa já foi apresentada às autoridades brasileiras e paraguaias e aguarda encaminhamento. “O Paraguai disse que vai pagar; estamos aguardando para iniciar”, afirmou Colombo. Segundo ele, caso a rota e o datacenter avancem, empresas poderiam contratar processamento diretamente de Foz do Iguaçu. “Com o datacenter e o superprocessador, venderíamos capacidade de IA via fibra óptica”, disse.
Colombo reforça que todas as iniciativas ainda estão em estudo e dependem de decisões técnicas, regulatórias e financeiras. Para ele, as propostas podem transformar a região em um polo de inovação, mas ainda exigem etapas importantes de validação.





















































