Falta de coordenação prejudica ações com pessoas em situação de rua, dizem vereadores

Debrito e Rorato criticam atuação isolada dos setores e destacam que a cultura da esmola dificulta avanços; Chapecó é citado como exemplo positivo.

Foto: Reprodução/ Internet.

Em entrevista ao programa Contraponto – A Voz do Povo, da Rádio Cultura Foz, os vereadores Paulo Debrito e Rorato defenderam que Foz do Iguaçu precisa reorganizar sua política de atendimento à população em situação de rua. Eles afirmam que o município enfrenta aumento de conflitos nas áreas centrais e que a resposta depende de mais integração entre prefeitura, Câmara, Ministério Público e equipes de assistência social.

A análise ganhou força após uma visita técnica realizada pelos parlamentares a Chapecó (SC), onde conheceram um modelo considerado mais eficiente por combinar estrutura, acompanhamento próximo e atuação contínua. Em Chapecó, os vereadores visitaram o centro de acolhimento comprado pela prefeitura por cerca de R$ 2,7 milhões, localizado fora da área central.

O espaço oferece alimentação, higiene, atividades e acesso a serviços, com regras claras e acompanhamento diário. O município catarinense afirma ter reduzido sua população em situação de rua para 48 pessoas em janeiro de 2025 — uma queda expressiva em relação às 416 registradas no ano anterior.

Essa redução é atribuída a programas como o Mão Amiga, que reúne acolhimento, tratamento para dependência química, encaminhamento para reintegração social e devolução de pessoas encaminhadas de outros municípios às cidades de origem.

Segundo Paulo Debrito, o que mais chamou atenção foi a articulação entre os órgãos públicos. “Eles aplicam a mesma lei que nós. A diferença é a união dos poderes”, afirmou. Já Rorato destacou o acompanhamento humanizado: “O secretário conhece pelo nome quase todos os acolhidos. Há proximidade, rotina e compromisso.”

Os vereadores também observaram que equipes da guarda municipal de Chapecó realizam abordagens e encaminhamentos sempre que há concentração de pessoas nas ruas, em ações descritas como preventivas, focadas em segurança e bem-estar. Para eles, esse conjunto de medidas ajuda a explicar os resultados positivos obtidos pelo município catarinense.

Em Foz, Debrito e Rorato afirmam que o problema não está na falta de estrutura, mas na falta de coordenação entre os setores. Eles relatam um fluxo diário de reclamações de moradores e comerciantes sobre acampamentos, abordagens insistentes e pequenos furtos. Um dos pontos defendidos pelos parlamentares é a transferência do Centro POP, hoje em área residencial, para um local mais adequado e com melhor capacidade de atendimento.

Outro tema citado na entrevista foi a cultura da esmola. Em Chapecó, placas orientam a população a doar apenas por meio de instituições, e a medida teve boa aceitação. “A comunidade entendeu que a esmola mantém a pessoa na rua”, disse Rorato. “Aqui, quando tentamos algo parecido, houve divisão.”

Os vereadores também mencionaram mudanças no perfil da população que circula pelos semáforos e áreas centrais de Foz. Parte das pessoas que pedem dinheiro não vive nas ruas e, segundo eles, integra grupos vindos de outras regiões, inclusive do Paraguai. Apesar de o município registrar pleno emprego, continuam prevalecendo entre os acolhidos fatores como dependência química, transtornos mentais e rupturas familiares.

A prefeitura tem realizado ações de retirada de acampamentos e encaminhamento para abrigos, mas os parlamentares defendem uma estratégia permanente, articulada e com presença constante das equipes. “Tem muita gente boa trabalhando, mas cada um parece agir sozinho. Se juntarmos todos, como vimos em Chapecó, o resultado aparece”, afirmou Paulo Debrito.

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