A manhã ensolarada de domingo transformou a Praça Naipi, no centro de Foz do Iguaçu, em um ponto de encontro entre memória, cidadania e participação comunitária. Enquanto trabalhadores seguem na revitalização do espaço, moradores aproveitaram o dia para circular pela área e, em muitos casos, literalmente “colocar a mão na massa” ao lado do artista Pas Schaefer, responsável por parte do processo artístico de recuperação.
Famílias inteiras passaram pelo local — crianças curiosas, jovens voluntários e moradores antigos do entorno que acompanharam a degradação da praça nos últimos anos. Alguns fizeram questão de participar simbolicamente da limpeza de elementos visuais e do preparo para novas camadas artísticas, reforçando a ideia de pertencimento ao espaço público.
Localizada no cruzamento das avenidas Costa e Silva e Paraná, em frente ao JL Shopping, a Praça Naipi recebe uma intervenção completa da prefeitura, que inclui poda de árvores, recomposição da grama, retirada de mobiliário desgastado e reforço da segurança. O objetivo é transformar o local em um cartão de entrada mais acolhedor e seguro para moradores e turistas.
Além da movimentação comunitária, avança também a restauração do Monumento à Democracia, obra em ferro que homenageia as vítimas das ditaduras militares na América Latina. A peça — que traz vazado o mapa do continente — foi retirada há algumas semanas, gerando preocupação de movimentos de Direitos Humanos e resultando em uma ação civil pública. Uma liminar judicial determinou que a prefeitura informasse a localização da escultura e garantisse seu retorno ao espaço após a restauração.
O monumento, entregue em 2010 com a presença de autoridades do Brasil, Paraguai e Argentina, passou anos exposto sem manutenção adequada, acumulando ferrugem e danos estruturais. Agora está em processo técnico de recuperação para voltar ao local de origem.
A revitalização também reacendeu o debate sobre o desaparecimento do mural em cimento que contava a lenda de Naipi e Tarobá, uma das narrativas míticas das Cataratas do Iguaçu. Mas neste caso, a pintura nova que está sendo feita, mantém os elementos da lenda e vem agradando o público.
O secretário de Meio Ambiente, Idelson Chaves, afirma que a Praça Naipi será a primeira a integrar o programa “Adote uma Praça”, iniciativa que pretende envolver empresas locais na manutenção permanente dos espaços urbanos. Segundo ele, empresas vizinhas já demonstraram interesse em assumir parte da conservação após o término da obra.
Apesar das discussões, o clima deste fim de semana revelou uma face positiva do processo: moradores voltaram a ocupar a praça, observando e participando da reconstrução de um espaço histórico que, nos últimos anos, havia se deteriorado e perdido vitalidade, sendo ocupado diuturnamente por moradores de rua. Com o retorno previsto do monumento e o avanço das obras, a área pública começa a recuperar não apenas sua estrutura física, mas também seu significado simbólico para a cidade.
