Brasil e Paraguai deram nesta segunda-feira (17) um passo decisivo para superar o desgaste causado por ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) em território paraguaio entre 2022 e 2023. Em reunião realizada em Assunção, os chanceleres Mauro Vieira (Brasil) e Rubén Ramírez Lezcano (Paraguai) analisaram a agenda bilateral e anunciaram o encerramento oficial do episódio, segundo nota conjunta divulgada pelos dois ministérios das Relações Exteriores.
De acordo com o documento, o ministro Mauro Vieira entregou ao governo paraguaio um relatório confidencial com esclarecimentos solicitados sobre a operação da Abin. Vieira destacou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva revogou a ação tão logo teve conhecimento dela e lamentou o impacto do caso na relação entre os dois países. O chanceler assegurou que o Brasil está adotando medidas para identificar os responsáveis e encaminhar sua responsabilização judicial.
Após receber o relatório e as explicações, o chanceler Rubén Ramírez Lezcano afirmou que o Paraguai considera o assunto encerrado, abrindo caminho para a normalização plena do diálogo bilateral.
Com o impasse superado, os países confirmaram a retomada das negociações sobre a revisão do Anexo C do Tratado de Itaipu. A nova rodada de conversas está marcada para a primeira quinzena de dezembro de 2025 e seguirá o entendimento bilateral firmado em abril de 2024. A revisão trata das bases financeiras e operacionais que regulam a hidrelétrica compartilhada, tema central da relação energética entre Brasil e Paraguai.
A nota conjunta também informa que ambos os governos estudam datas para visitas oficiais dos presidentes Santiago Peña e Luiz Inácio Lula da Silva. As agendas deverão avançar discussões para elevar o nível das relações bilaterais em diferentes frentes.
Entre os eixos de cooperação destacados estão projetos de infraestrutura — como a inauguração da Ponte da Integração, as conexões rodoviárias do Corredor Bioceânico, melhorias na Hidrovia Paraguai–Paraná e investimentos aeroportuários — e iniciativas na área de energia, incluindo interconexão elétrica, planejamento conjunto e cooperação em biomassa e etanol.
Na área de segurança pública, os governos reforçaram a intenção de ampliar ações contra o tráfico de drogas, armas e pessoas, além do crime organizado transnacional, com ênfase na cooperação penitenciária. O comunicado também menciona avanços esperados em temas de defesa, com capacitação militar, operações conjuntas e parcerias para aquisição de equipamentos.
Outro conjunto de iniciativas envolve cooperação em educação, alimentação escolar, agricultura familiar e estatísticas públicas. A ampliação do acesso de estudantes paraguaios a universidades brasileiras e o intercâmbio entre academias diplomáticas estão entre as prioridades anunciadas.
Os chanceleres encerraram a reunião reafirmando o compromisso de fortalecer as “ótimas relações” entre os dois países e de trabalhar por um futuro de maior prosperidade e bem-estar para as populações de ambos os lados da fronteira.





















































