A situação na área aduaneira paraguaia próxima à Ponte da Amizade voltou a registrar tensão nesta sexta-feira (14), com caminhoneiros bloqueados há mais de 24 horas e disputas entre grupos por causa de um conflito envolvendo caminhões de pequeno porte, os “caminhõezinhos“, e os maiores. A movimentação afeta diretamente o trânsito internacional entre Paraguai e Brasil, provocando longas filas e impedindo tanto a saída quanto a entrada de caminhões liberados pelos órgãos de fiscalização.
Segundo relatos colhidos no local, motoristas que já tiveram sua documentação regularizada não conseguem deixar a aduana devido ao bloqueio imposto por trabalhadores ligados aos depósitos menores. Esses grupos reivindicam mudanças administrativas, incluindo a saída do diretor da aduana, e rejeitam a execução de uma ordem judicial de despejo emitida para liberar a área. Muitos caminhoneiros, no entanto, afirmam não ter relação com a manifestação e reclamam que estão presos no pátio contra a própria vontade.
Vários motoristas relataram que permanecem no local desde terça-feira (11), acumulando prejuízos e gastos adicionais com alimentação, banho e serviços básicos dentro da aduana. Alguns transportam produtos perecíveis e cargas sensíveis, como carnes e materiais perigosos, o que intensifica a preocupação. Os caminhoneiros alegam que, embora suas cargas tenham sido liberadas, não conseguem sair porque o portão foi fechado pelos manifestantes. “Estamos liberados e queremos ir para casa. Ninguém aqui tem culpa do problema entre eles e a administração”, disse um dos motoristas.
A presença de caminhões carregados com produtos inflamáveis e até explosivos elevou o nível de alerta no local. Representantes da fiscalização confirmaram a existência dessas cargas e defendem que, ao menos, elas deveriam ser liberadas com prioridade. Os manifestantes, porém, afirmam que não permitirão a saída de caminhões com produtos considerados perigosos, alegando falta de garantias e riscos a todos que estão na área. “Se explodir, vamos explodir todos juntos. Não vamos permitir”, disse um caminhoneiro, ampliando o clima de tensão.
O fiscal Luis Trinidad, do Ministério Público, esteve na área para tentar negociar uma solução. A Polícia Nacional também acompanha o caso, com reforço de unidades motorizadas e oficiais de diferentes setores da corporação. A tentativa de diálogo, porém, enfrenta resistência de diferentes lados, já que caminhoneiros e manifestantes divergem sobre responsabilidades e sobre qual grupo controla o bloqueio. No meio do impasse, alguns motoristas relatam ter perdido compromissos, pagamentos e obrigações pessoais devido ao atraso forçado.
Enquanto a reunião entre autoridades e representantes dos grupos envolvidos seguia sem consenso, caminhões permaneciam parados tanto do lado paraguaio quanto do lado brasileiro, causando congestionamento na BR-277 e afetando o fluxo normal entre Foz do Iguaçu e Ciudad del Este. O risco de agravamento da situação levou motoristas a pedir uma solução urgente, temendo que o bloqueio permaneça até o fim de semana, quando a aduana opera com equipe reduzida.
As negociações continuam e, até o momento, não havia previsão para liberação total da área nem para saída dos caminhões com documentação já autorizada.






















































