Reportagem publicada pelo jornal Folha de São Paulo na tarde desta quarta-feira, 12, dá conta de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu transferir novamente o local da cúpula do Mercosul, prevista para dezembro, após a confirmação de que os presidentes Javier Milei, da Argentina, e Santiago Peña, do Paraguai, não participariam do encontro no Rio de Janeiro. O evento seria agora realizado em Foz do Iguaçu, em uma tentativa de garantir a presença dos líderes dos países vizinhos e evitar o esvaziamento da reunião de chefes de Estado.
A decisão marca a segunda mudança na agenda do encontro. Inicialmente, a cúpula estava programada para o início de dezembro, em Brasília, e foi depois remarcada para 20 de dezembro, no Rio de Janeiro. Ainda, segundo o jornal paulista, a alteração mais recente ocorreu após o Ministério das Relações Exteriores ser informado, por meio das delegações argentina e paraguaia, de que ambos os presidentes teriam outros compromissos na data prevista.
Segundo registros da última reunião do Grupo Mercado Comum (GMC), uma das instâncias decisórias do bloco, representantes da Chancelaria argentina comunicaram que Milei não poderia comparecer ao evento por “compromissos assumidos anteriormente” — sem especificar a natureza desses compromissos. A delegação do Paraguai apresentou justificativa semelhante, indicando que Peña também estaria impossibilitado de viajar ao Rio.
Diante da situação, o governo brasileiro avaliou que uma cúpula sem a presença do presidente argentino ainda seria politicamente viável, considerando o histórico de divergências entre Lula e Milei — que mantém uma postura crítica ao Mercosul e já expressou interesse em reduzir o envolvimento da Argentina no bloco. No entanto, a ausência simultânea de Argentina e Paraguai foi considerada um desfalque excessivo para a imagem do encontro, o que levou à decisão de transferi-lo para Foz do Iguaçu, cidade que faz fronteira direta com Ciudad del Este e fica a cerca de 300 quilômetros de Assunção.
A mudança é vista como uma solução logística e diplomática. O deslocamento de Peña até Foz, por exemplo, levaria apenas cerca de 30 minutos de voo a partir da capital paraguaia, o que aumenta as chances de sua presença. O governo brasileiro ainda espera que a nova localização incentive Milei a reconsiderar sua ausência, embora auxiliares do Itamaraty vejam essa possibilidade como remota.
A presidência pro tempore do Mercosul está atualmente sob comando do Brasil, que pretende encerrar o semestre com avanços nas negociações do acordo de livre comércio com a União Europeia. O Planalto avalia que a assinatura política do tratado durante a cúpula seria um passo importante para destravar o processo de ratificação pelos Legislativos dos dois blocos.
O governo brasileiro espera que o simbolismo de realizar o evento na fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai reforce o caráter de união regional e ajude a reaproximar os países em torno de uma agenda comum — mesmo em meio a tensões políticas e diferenças ideológicas.






















































