O contador Antônio Derseu Cândido de Paula foi o convidado do programa Contraponto, da Rádio Cultura Foz, nesta terça-feira (11). Fundador da De Paula Contadores, empresa que completa 55 anos de atuação, ele compartilhou histórias da própria trajetória, a evolução da profissão contábil e a importância da tecnologia como ferramenta de desenvolvimento. Derceu também comentou o processo de modernização dos sistemas de gestão da Prefeitura de Foz do Iguaçu, defendendo a atualização tecnológica como um passo necessário para garantir eficiência e transparência.
Origem e chegada a Foz do Iguaçu
Natural do Rio Grande do Sul, Derseu de Paula iniciou a carreira cedo e, ainda jovem, trabalhou como contador em Itacorá — cidade que desapareceu com a formação do Lago de Itaipu. Após a desativação do município, mudou-se para Foz do Iguaçu, que vivia um período de crescimento intenso. “Foz era uma cidade nova, cheia de possibilidades. Quem tinha vontade de trabalhar encontrava espaço para empreender e crescer junto com a cidade”, recordou.
Em pouco tempo, fundou a De Paula Contadores, um pequeno escritório que se transformaria em referência regional. “No começo, era tudo feito de forma manual, com muito esforço. Eu mesmo digitava, fazia lançamentos e atendia os clientes. Não havia tecnologia, mas havia muita dedicação”, contou.
A evolução da contabilidade
Derseu acompanhou de perto a transição da contabilidade tradicional para a era digital. Ele lembrou o tempo em que os relatórios eram feitos à mão, com calculadora e papel carbono. “Era preciso redobrar o cuidado. Qualquer erro significava começar de novo. Quando apareceram os primeiros computadores, percebi que aquilo mudaria tudo”, relatou.
Na década de 1980, seu escritório foi um dos primeiros em Foz do Iguaçu a investir em informática. “Compramos computadores da Olivetti e da IBM e criamos nossos próprios sistemas para folha de pagamento e escrituração. Era um investimento alto, mas logo vimos que valia a pena. A tecnologia trouxe precisão e agilidade.”
Segundo ele, a contabilidade moderna exige uma postura mais analítica. “Hoje, o contador precisa entender o negócio, analisar dados e propor soluções. A parte técnica continua importante, mas o foco está em ajudar o cliente a tomar decisões melhores.”
Formação e contribuição ao ensino superior
Em 1979, Derseu formou-se na primeira turma do curso de Ciências Contábeis da então FACISA (Faculdade de Ciências Sociais e Aplicadas de Foz do Iguaçu), atual Unioeste. Naquele período, havia apenas dois cursos superiores na cidade: Contabilidade e Administração. “Era tudo muito simples, mas tínhamos entusiasmo e o desejo de aprender. Foi um marco para Foz ter seu próprio curso de Ciências Contábeis”, afirmou.
Mais tarde, ele se tornou professor, contribuindo para a formação de novos profissionais. “Ensinar me deu uma nova perspectiva. Eu via o quanto a educação transforma e o quanto a contabilidade pode ser instrumento de organização e desenvolvimento, tanto nas empresas quanto nas instituições.”
De Paula Contadores: propósito e continuidade
Com 55 anos de história, a De Paula Contadores consolidou-se como uma empresa de referência pela combinação entre tradição e inovação. Derseu destacou que o propósito da organização segue o mesmo desde a fundação: “Nosso propósito é desenvolver negócios e pessoas, buscando a construção de uma sociedade melhor e sustentável para todos.”
Ele também reforçou que a missão da empresa sempre esteve ligada à confiança e à melhoria contínua. “A contabilidade é feita de números, mas o que sustenta tudo são as relações. O cliente confia quando percebe seriedade, ética e comprometimento. Isso é o que nunca mudou.”
Modernização da gestão pública
Durante a entrevista, Derseu comentou o processo de implantação do novo sistema de gestão na Prefeitura de Foz do Iguaçu — tema que tem gerado discussões e desafios técnicos. Ele reconheceu as dificuldades enfrentadas, mas defendeu que a modernização é inevitável. “Toda mudança de sistema é complicada. Envolve rotinas, dados e pessoas. Mas chega um ponto em que o sistema antigo deixa de ser atualizado, e não há mais como criar novas ferramentas ou melhorar o que existe. A mudança se torna necessária”, observou.
Para ele, a tecnologia tem o papel de simplificar e dar segurança aos processos, tanto no setor público quanto no privado. “É um investimento que, no início, causa desconforto, mas que traz resultados a médio e longo prazo. Quando os sistemas funcionam bem, tudo se torna mais ágil, e quem ganha é a comunidade.”
Derseu reforçou a importância de planejamento e comunicação em processos de transição tecnológica. “É preciso que as pessoas envolvidas compreendam o motivo da mudança e recebam treinamento. Só assim o processo flui sem gerar ruído ou resistência.”
Inovação e desafios da profissão
Com a contabilidade cada vez mais digital, Derceu acredita que o profissional deve se reinventar constantemente. “O contador hoje é muito mais do que alguém que apura impostos. Ele precisa entender legislação, tecnologia e gestão. É um trabalho de interpretação e orientação”, disse.
Segundo ele, o futuro da profissão está na integração entre dados, sistemas e inteligência analítica. “Os softwares fazem os cálculos, mas quem dá sentido às informações é o contador. O nosso papel é transformar dados em decisões.”
Legado e futuro
Hoje, a De Paula Contadores é comandada pela terceira geração da família, mantendo os valores de ética, inovação e compromisso que marcaram a história da empresa. “Ver meus filhos e netos dando continuidade ao trabalho é a maior recompensa. Eles trazem novas ideias e energia, mas seguem o mesmo propósito”, afirmou.

Encerrando a entrevista, Derseu agradeceu à cidade onde construiu sua trajetória e reforçou a importância de seguir evoluindo. “Foz me acolheu, e aqui eu cresci como profissional e como pessoa. O que desejo é que a cidade continue avançando — com empresas fortes, serviços eficientes e uma gestão moderna, feita para as pessoas.”





















































