Paraná coloca presos para reconstruir escolas e Apae de Rio Bonito do Iguaçu

Programa Mãos Amigas conta com presos do regime semiaberto para auxiliar nos reparos de escolas e creches atingidas pela tragédia; ação reforça solidariedade e reintegração social

Remoção de entulhos e limpeza no Colégio Estadual Ludovica Safraider - Foto SESP

O governador Carlos Massa Ratinho Junior anunciou, nesta segunda-feira (10), o uso de mão de obra carcerária na reconstrução das escolas, creches, unidades da Apae e demais estruturas de ensino atingidas pelo tornado que devastou Rio Bonito do Iguaçu, no Centro-Sul do Estado.

A iniciativa é desenvolvida em conjunto pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), por meio do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), e pela Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp). No momento, 14 pessoas privadas de liberdade já atuam na cidade, acompanhadas por monitores da Polícia Penal.

Programa Mãos Amigas

Os detentos são oriundos de Guarapuava — sendo quatro da Cadeia Pública de Laranjeiras do Sul e dez da Penitenciária Estadual de Guarapuava — e integram o programa Mãos Amigas, iniciativa do Governo do Estado que promove a reinserção social de pessoas privadas de liberdade por meio da prestação de serviços de manutenção, conservação e reparos em unidades escolares da rede estadual.

O projeto alia reintegração social à valorização dos espaços públicos, beneficiando tanto as escolas quanto os participantes, que desenvolvem habilidades profissionais e senso de pertencimento social. Participam do programa presos do regime semiaberto, com bom comportamento e que já cumpriram parte da pena.

“Vamos chegar a 30 detentos do Mãos Amigas para ajudar na limpeza dos entulhos. Queremos ser rápidos nisso para que em breve as crianças e adolescentes voltem para a escola”, afirmou o governador Ratinho Junior.

Pioneirismo e benefícios

O Paraná é pioneiro no uso de trabalho prisional para manutenção das escolas estaduais. Os participantes do programa têm redução de pena de um dia a cada três dias trabalhados.
Somente em 2025, 427 unidades escolares já foram atendidas pelo Mãos Amigas, com a realização de mais de 2 mil serviços em todo o Estado.

“É muito importante que tenhamos a reconstrução das nossas escolas públicas estaduais, ainda mais com o trabalho dos que cumprem pena no sistema prisional. Essa ação contribui para um clima de solidariedade e ajuda mútua tanto para os estudantes quanto para os apenados”, destacou o secretário da Segurança Pública, Hudson Leôncio Teixeira.

Reconstrução das unidades afetadas

O grupo iniciou os trabalhos de remoção de entulhos e limpeza no Colégio Estadual Ludovica Safraider, localizado na região central de Rio Bonito do Iguaçu — a escola mais afetada pela tragédia, cujo ginásio foi totalmente destruído e precisará ser reconstruído.

Nesta terça-feira (11), outros 16 detentos da regional de Cascavel devem se somar ao esforço. Eles serão divididos em quatro equipes, cada uma formada por um policial penal e quatro presos. Embora não façam parte do Mãos Amigas, todos possuem autorização da Polícia Penal para realização de atividades externas, como serviços comunitários e apoio a empresas.

Apoio emergencial às escolas

O Governo do Estado destinou R$ 50 mil ao Colégio Estadual Ireno Alves dos Santos e R$ 25 mil ao Colégio Estadual Ludovica Safraider, por meio do Fundo Rotativo, para ações imediatas de recuperação.

O Fundo Rotativo é um recurso financeiro repassado diretamente às escolas estaduais, permitindo respostas rápidas a situações emergenciais, como obras, reparos e aquisição de materiais de consumo.

Enquanto isso, engenheiros do Fundepar e técnicos do Núcleo Regional de Educação realizam o levantamento técnico dos danos para a contratação emergencial das obras — etapa que depende da conclusão da limpeza dos locais para a avaliação completa das estruturas.

Reconstrução e solidariedade

Além de garantir uma resposta ágil aos estragos causados pelo tornado, a ação reforça o compromisso do Estado em oferecer oportunidades de ressocialização a pessoas privadas de liberdade, promovendo solidariedade e reconstrução conjunta entre a comunidade e o sistema prisional.

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