O mês de novembro marca a campanha Novembro Azul, voltada à conscientização sobre a saúde do homem e à prevenção do câncer de próstata. Em entrevista ao programa Contraponto – A Voz do Povo, da Rádio Cultura Foz 820 AM, o médico Filipe Sgorla, clínico-geral e coordenador dos médicos da Atenção Primária de Foz do Iguaçu, destacou que os homens ainda resistem a procurar atendimento médico, muitas vezes por vergonha ou por acreditar que isso demonstra fraqueza.
De acordo com o médico, a cultura de que o homem deve ser forte e não demonstrar vulnerabilidade ainda é um dos principais entraves para o cuidado com a própria saúde. Ele afirmou que muitos só procuram atendimento quando os sintomas estão em estágio avançado. “O homem é aquele ser que só vai ao médico quando está quase morrendo. A gente tem essa cultura de não querer demonstrar fraqueza, de não parar o trabalho para cuidar da saúde”, explicou Sgorla.
O profissional destacou ainda que campanhas como o Novembro Azul são fundamentais para romper essa barreira e incentivar o autocuidado. Segundo ele, o aumento da divulgação e o envolvimento da mídia estimulam mais homens a procurarem as unidades de saúde. “Ter toda a mídia falando sobre isso traz sim alguns homens a mais para o atendimento. A gente brinca que o homem é tão teimoso que precisa de dois meses no ano para lembrar que precisa ir ao médico”, comentou.
Diagnóstico e exames de próstata
Durante a entrevista, o médico explicou que o exame de toque retal, tradicionalmente utilizado para investigar alterações na próstata, não é mais o único método de diagnóstico disponível. Ele defendeu a adoção de alternativas para reduzir o medo e o constrangimento que ainda afastam muitos pacientes. “O toque é uma ferramenta fácil, mas se o paciente não quiser, pode-se pedir um exame de imagem. O importante é não perder o paciente e garantir o diagnóstico”, observou.
Sgorla também esclareceu que o Instituto Nacional do Câncer (INCA) revisou suas orientações e não recomenda mais o rastreio populacional do câncer de próstata, indicando a investigação apenas em casos sintomáticos ou com histórico familiar da doença. “Hoje não se faz rastreio em homem assintomático. O que o INCA orienta é: apresentou sintomas, procure o médico. Nem todo câncer de próstata é agressivo, e muitos pacientes morrem com o câncer, não do câncer”, destacou o médico, ao defender uma abordagem mais criteriosa e individualizada.
Saúde integral do homem
Para o coordenador da Atenção Primária, o Novembro Azul deve ser um momento para discutir a saúde integral do homem, indo além da prevenção do câncer de próstata. Ele lembrou que os índices de doenças crônicas, transtornos mentais e vícios ainda são altos entre a população masculina. “O homem fuma mais, bebe mais, sofre mais acidentes e procura menos o médico. Hoje a gente fala muito em ansiedade, depressão e doenças cardiovasculares. O Novembro Azul não é só sobre próstata, é sobre cuidar da vida como um todo”, afirmou.
Sgorla defendeu o papel das Unidades Básicas de Saúde e da Estratégia Saúde da Família como espaços essenciais para o acompanhamento contínuo e a prevenção de doenças. Ele explicou que o trabalho dos profissionais da atenção primária vai além do tratamento imediato: busca promover educação em saúde e criar vínculos com a comunidade. “A função do médico da família não é só tratar a doença quando ela chega. É orientar, acompanhar e educar em saúde. O nosso papel é ensinar a cuidar antes que o problema apareça”, completou.
Ação de saúde no dia 30
Ao final da entrevista, o médico anunciou uma ação pública de saúde voltada aos homens, promovida pela Secretaria Municipal de Saúde de Foz do Iguaçu. O evento acontecerá no dia 30 de novembro, na Avenida Paraná, e contará com orientações, coleta de informações e atividades educativas. “Vamos estar lá conversando, orientando e oferecendo informações. É uma oportunidade para os homens tirarem dúvidas e cuidarem da saúde”, informou Sgorla.
Encerrando a entrevista, o médico fez um apelo aos ouvintes, reforçando a importância da prevenção e do cuidado contínuo. “Se você quer ver seus filhos crescerem e sua família prosperar, invista na sua saúde. Procurar o médico não é fraqueza, é cuidado com quem você ama”, concluiu.
