Estudo da UNILA aponta que cannabis medicinal melhora a memória em pacientes com Alzheimer

Pesquisa pioneira e mais longa do mundo sobre o tema mostra que o tratamento com canabinoides é eficaz e seguro, abrindo novas perspectivas para o combate à doença neurodegenerativa.

Pesquisa inédita da UNILA comprova eficácia da cannabis medicinal no tratamento do Alzheimer. Foto: Ilustração

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) concluiu que a cannabis medicinal pode tratar pacientes diagnosticados com Alzheimer. A pesquisa é a mais longa já realizada no mundo testando canabinoides em pessoas com essa condição. O ensaio clínico randomizado duplo-cego e placebo-controlado envolveu 28 pacientes de 60 a 80 anos, ao longo de 26 semanas (aproximadamente seis meses).

De acordo com o coordenador da pesquisa, Francisney do Nascimento, esse tipo de estudo é considerado o “padrão ouro” dos ensaios clínicos. “Metade do grupo recebe o medicamento e a outra metade o placebo, e ao final os resultados são comparados”, explica.

Os resultados mostraram que o grupo que recebeu o extrato full spectrum de cannabis, contendo 0,350 mg de THC e 0,245 mg de CBD, apresentou melhoras cognitivas significativas, conforme o Mini-Exame do Estado Mental (MMSE).

Nascimento destaca a relevância da descoberta:“Este é o primeiro ensaio clínico do mundo que mostra que a cannabis melhora a memória em pacientes com Alzheimer. Outros estudos indicam redução da agitação e da ansiedade, mas este é o primeiro a demonstrar melhora na memória”, ressalta. O artigo foi publicado na revista Journal of Alzheimer’s Disease e integra uma série de pesquisas conduzidas no Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP) da UNILA.

A importância da descoberta é reforçada pelo fato de o Alzheimer ser a principal doença neurodegenerativa do mundo, com grande impacto na qualidade de vida de pacientes e cuidadores. Atualmente, existem apenas quatro medicamentos disponíveis, com benefícios limitados.

Os canabinoides, por outro lado, demonstram potencial para reduzir a inflamação neuronal e o estresse oxidativo, fatores que contribuem para o avanço da doença. “Estudos com animais já indicam que o THC pode promover neurogênese no hipocampo, região do cérebro ligada à memória”, explica Nascimento.

O médico e docente da UNILA, Elton Gomes da Silva, acrescenta que a pesquisa abre caminho para novas investigações com diferentes combinações e dosagens da substância. Ele destaca ainda que não foram registrados eventos adversos significativos, o que demonstra que o uso da cannabis medicinal é eficaz e seguro.

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