Delegado da PF detalha estrutura e alcance do tráfico internacional de armas e drogas na Operação Infidelis

Ação deflagrada em Foz do Iguaçu desarticula rede logística que abastecia grandes centros do país; apreensões somam toneladas de entorpecentes e armamento pesado

Seis presos preventivamente são apontados como líderes do esquema logístico - Foto: Polícia Federal

A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quarta-feira (5) a “Operação Infidelis”, que teve como alvo uma organização criminosa especializada no tráfico internacional de drogas e armas com base em Foz do Iguaçu. A ofensiva resultou no cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão e seis mandados de prisão preventiva nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Em entrevista coletiva, o delegado executivo da Polícia Federal de Foz do Iguaçu, Sérgio Stinglin, detalhou a logística do grupo e o vulto das apreensões realizadas ao longo da investigação.

Estrutura Logística e Início da Investigação

Segundo o delegado, a organização atuava como um elo essencial no crime organizado, sendo responsável pelo transporte e distribuição de drogas e armamentos provenientes da fronteira até os principais centros urbanos do país.

“Foram cumpridos 11 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva. Durante as buscas, apreendemos cerca de 30 quilos de haxixe e munições”, explicou Stinglin.

A investigação teve início em 2024, fruto de uma parceria entre a Polícia Federal e a Polícia Rodoviária Federal, com intensa troca de informações e inteligência.

“A operação começou no ano passado, com uma série de apreensões que somaram 11 flagrantes de drogas e armas. Após a análise de todo o material coletado, conseguimos identificar a estrutura do grupo e deflagrar a operação nesta data”, destacou o delegado.

Destino do Armamento e Liderança do Grupo

De acordo com o delegado o armamento pesado apreendido — 18 fuzis — tinha como destino final a cidade do Rio de Janeiro.

“Os fuzis estavam em trânsito na região de Curitiba, mas o destino final era o Rio de Janeiro. Não sabemos ainda para qual facção ou região específica”, informou.

Os seis presos preventivamente são apontados como líderes do esquema logístico que operava a partir da fronteira.

“Eles chefiavam a organização aqui em Foz do Iguaçu. O grupo vendia a logística: recebia as drogas e armas e fazia o transporte conforme a demanda de outros criminosos”, explicou Stinglin.

Volume Recorde e Origem dos Ilícitos

As investigações apontam que a maioria dos entorpecentes e armas tinha origem no Paraguai, sendo transportados em caminhões com compartimentos ocultos. O volume apreendido impressiona: 11 toneladas de maconha, 450 kg de cocaína e 250 kg de crack.

“Foram armas e drogas que vieram do Paraguai. O grupo movimentava uma quantidade expressiva de ilícitos, o que representa um grande prejuízo para o crime organizado”, afirmou o delegado.

O método de transporte, segundo ele, seguia um padrão sofisticado:

“A estratégia era o uso de caminhões com fundo falso, justamente para ocultar a carga ilegal durante o trajeto”, completou Stinglin.

Impacto e Continuidade das Investigações

Embora a Polícia Federal não estime o valor de mercado dos entorpecentes, o delegado reforçou o impacto financeiro da operação para o crime organizado.

“A PF não mensura o valor da droga, pois ela é destruída. Mas sabemos que o prejuízo causado é significativo e atinge diretamente as estruturas financeiras dessas organizações”, destacou.

As investigações continuam com a análise do material apreendido, o que pode levar à identificação de novos integrantes da rede criminosa.

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