Requião Filho critica gestão de Silva e Luna e cita Foz como exemplo de má administração

Deputado afirma que Ratinho Júnior vendeu a Copel “sem debate público” e denuncia manipulação de dados na educação do Paraná

Créditos: Orlando Kissner/Alep

O deputado estadual Requião Filho (MDB) criticou duramente o prefeito general Silva e Luna e o governador Ratinho Júnior durante entrevista ao programa “Contraponto – A Voz do Povo”, da Rádio Cultura. O parlamentar falou sobre as eleições de 2026, gestão pública, educação, saúde, privatizações e a crise de confiança na política. Disse que pretende disputar o governo estadual e que “usaria Foz do Iguaçu como exemplo de má administração”.

“Não escolho adversário”, diz deputado sobre 2026

Requião Filho afirmou que está preparado para enfrentar qualquer adversário nas eleições de 2026, incluindo o senador Sérgio Moro ou um nome apoiado por Ratinho Júnior.
“Não escolho adversário. Se a eleição fosse hoje, acredito que eu e o Moro estaríamos no segundo turno. Seria um debate interessantíssimo — e eu usaria Foz do Iguaçu como exemplo de má gestão pública”, disse.

Críticas à administração de Silva e Luna

O parlamentar classificou a gestão do prefeito Silva e Luna como “péssima” e apontou a falta de preparo técnico como principal motivo para a baixa aprovação popular.
“O general pode ser um excelente militar, mas não tem vocação para gerir uma cidade complexa como Foz do Iguaçu. Está aí o resultado: 12% de aprovação. Isso mostra o tamanho da insatisfação da população.”

Requião Filho criticou a tendência de eleger gestores sem experiência pública sob o discurso de combate à política tradicional. “Colocar alguém sem preparo para administrar é como entregar o volante a quem nunca dirigiu. Se fosse seguir a lógica militar, os meios-fios de Foz estariam todos pintadinhos — mas a cidade continuaria sem gestão.”

Educação: denúncias de manipulação de dados

O deputado também contestou o discurso do governo estadual de que o Paraná é o primeiro do país em educação, chamando o ranking de “papel que aceita tudo”.
“Há fraude em notas e presenças. Alteram registros para melhorar índices e enganar o povo. Isso é gravíssimo, porque pode até comprometer os repasses do Fundeb”, afirmou.

Requião disse já ter encaminhado o caso ao Ministério da Educação e ao Ministério Público Federal e destacou que o verdadeiro retrato da educação está no Enem. “Nenhuma escola cívico-militar do Paraná aparece entre as melhores. Educação não é propaganda de governo, é política de Estado. Precisamos formar cidadãos, não produzir marketing político.”

Experiência e legado político

Requião Filho afirmou que aprendeu administração pública acompanhando o trabalho do pai, o ex-governador Roberto Requião. “Foi um cursinho intensivo de gestão. Aprendi com os acertos e com os erros — e principalmente que governar exige humildade para corrigir falhas.”

O deputado também criticou o personalismo na política, defendendo a continuidade de políticas públicas eficientes. “O Estado é permanente. Os políticos passam e serão esquecidos pela história. O que fica é o serviço prestado ao povo.”

Saúde pública e filas de atendimento

Ao tratar da saúde, Requião Filho apontou falta de especialistas, demora nas consultas e terceirizações com pouca transparência. “As filas estão escondidas, os contratos são nebulosos e as pessoas continuam sofrendo. O último hospital regional construído foi na gestão do meu pai. De lá para cá, nada.”

Ele também comentou o decreto do ministro Camilo Santana que afeta o atendimento nas APAEs. “O Paraná é referência porque o Estado cede servidores públicos às APAEs — um modelo criado ainda no governo Requião. Isso precisa ser preservado, e não desfeito por decreto.”

Privatização da Copel e papel do Estado

O deputado voltou a criticar a privatização da Copel, chamando o processo de “um dos maiores retrocessos do governo Ratinho Júnior”. “Foram canalhas que aprenderam. Venderam a Copel rápido, sem debate público, sem ouvir ninguém.”

Para ele, o Estado deve garantir ganho social, e não lucro. “Depois da privatização, a Copel parou de investir e começou a vender patrimônio. É o lucro acima do interesse público.”

Gestão pública e prioridades

Requião Filho usou uma metáfora para criticar administrações que priorizam aparência em vez de resolver problemas estruturais. “É como enfeitar a casa enquanto a cozinha está pegando fogo. Governar é atender quem mais precisa, não pintar fachada.” Segundo ele, as prioridades de um gestor devem estar em serviços básicos e oportunidades igualitárias, e não em obras midiáticas.

Desconfiança na política e pedágios

O deputado também abordou a crise de confiança da população na política, que, segundo ele, decorre da falta de resultados concretos. “As pessoas deixaram de acreditar porque se decepcionaram. Mas é a política que define o preço do combustível, do pedágio e da energia. Não dá pra desistir dela.”

Requião Filho lembrou que seu pai tentou alterar contratos de pedágio, mas foi impedido por um sistema conivente. “O Judiciário e o Ministério Público impediram as mudanças que ele queria fazer. A Lava Jato só comprovou o que denunciávamos há anos sobre as concessionárias.”

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