Obra da sede da Unila é retomada com investimento de R$ 754 milhões da Itaipu

Primeira fase do campus projetado por Oscar Niemeyer será entregue até 2027; segunda fase do campus não tem data para ser iniciada.

Projeto do futuro campus

A construção da sede definitiva da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) em Foz do Iguaçu volta a sair do papel após quase dez anos de paralisação. A Itaipu Binacional confirmou o aporte de R$ 754 milhões para a retomada da obra, além de financiar a desapropriação do prédio atualmente ocupado pela instituição, avaliado em R$ 65 milhões.

Com os dois investimentos somados, o valor total aplicado nesta primeira etapa chega a R$ 820 milhões, informou o diretor-geral brasileiro da Itaipu, Ênio Verri. Segundo ele, os recursos garantem a execução da primeira fase do campus, batizado de Arandu, e a aquisição do edifício conhecido como JU, que abrigará parte das atividades acadêmicas. O decreto de desapropriação do imóvel foi publicado nesta segunda-feira (3) no Diário Oficial da União, marcando mais um passo na consolidação da infraestrutura da universidade.

O projeto original da Unila, um dos últimos concebidos pelo arquiteto Oscar Niemeyer, passou por uma revisão completa antes do reinício das obras. As atualizações incorporaram novas tecnologias e normas técnicas, o que deve resultar em redução de 30% no consumo de energia em comparação ao plano inicial.

“As adaptações são necessárias porque 10 ou 15 anos fazem muita diferença na engenharia. Modernizamos os sistemas de iluminação, climatização e eficiência energética, sempre preservando a proposta arquitetônica de Niemeyer”, explicou Rafael Esposel, gerente de projetos da Itaipu e do Unops (Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos), que coordena a execução.

O Unops retomou oficialmente as obras em setembro, iniciando com a concretagem das salas de aula. As estruturas já erguidas — cerca de 40% da construção — foram avaliadas e consideradas em boas condições.

Atualmente, os trabalhos estão adiantados de 8% a 9% em relação ao cronograma. O sistema viário interno deve ser concluído em 2026, e a entrega da primeira fase está prevista para 2027.

As obras da sede da Unila estavam paradas desde 2014, quando o consórcio responsável desistiu do contrato, em meio a divergências e questionamentos do Tribunal de Contas da União (TCU). Desde então, apenas estruturas inacabadas permaneciam no terreno cedido pela Itaipu.

Com a retomada, a primeira fase do campus abrangerá edifícios administrativos, biblioteca, restaurante universitário, salas de aula e o sistema viário interno.

A reitora da Unila, Diana Araujo, destacou que o avanço das obras representa mais do que a construção de um campus — é a consolidação de uma política de integração continental.

“A Unila é uma política pública de integração. É bilíngue, internacional e forma gestores, pesquisadores e lideranças para toda a América Latina”, afirmou.

Com 4.130 estudantes de graduação, 952 de pós-graduação e cerca de mil servidores, a Unila tem hoje 40% do corpo discente formado por estrangeiros de mais de 30 nacionalidades da América Latina e do Caribe.

Além da formação acadêmica, a universidade exerce papel expressivo na economia e na pesquisa local.

“Temos um orçamento anual de R$ 217 milhões que movimenta a economia da cidade e realizamos pesquisas aplicadas com impacto direto na sociedade, como o projeto de cannabis medicinal, que já beneficiou mais de 400 pacientes”, acrescentou a reitora.

Com a nova estrutura, a instituição pretende ampliar cursos e programas de pós-graduação, fortalecendo a produção científica e a cooperação internacional.

De acordo com Ênio Verri, ainda não há definição sobre o início da segunda etapa do projeto. Os próximos aportes dependerão da disponibilidade orçamentária e das negociações tarifárias anuais da Itaipu.

“A tarifa é revisada todo ano. Trabalhamos com segurança dentro da perspectiva orçamentária de 2025 e 2026, sem assumir compromissos além desse horizonte”, explicou.

 

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