A Prefeitura de Foz do Iguaçu admitiu que o veículo destinado ao Programa Mais Igualdade, do Governo Federal, foi utilizado pela Secretaria de Comunicação Social — e não pela área responsável por políticas de igualdade racial. A revelação confirma denúncia feita pelo Conselho Municipal da Igualdade Racial, que acusou a administração de desvio de finalidade e uso irregular de um bem público.
Segundo o Conselho, o carro — que deveria atender exclusivamente ações de promoção da igualdade racial — foi descaracterizado e, à época, estaria sendo usado para deslocamentos do então secretário de Comunicação, inclusive com relatos de uso noturno e travessias ao Paraguai. O caso levantou questionamentos sobre a transparência e o controle de bens recebidos por meio de convênios federais. A vereadora Márcia Bachixte enviou requerimento ao Executivo pedindo explicações sobre a denúncia. A vereadora Valentina Rocha encaminhou ofício, através da Câmara de Vereadores, à Polícia Rodoviária Federal, solicitando imagens das câmeras de segurança das pontes com o Paraguai e Argentina.
Em resposta ao Legislativo, a prefeitura tentou justificar a situação. Alegou que, após a reforma administrativa no início da gestão, a antiga Secretaria de Direitos Humanos foi extinta e suas atribuições incorporadas ao Gabinete do Prefeito. Nesse contexto, o veículo teria sido “designado à Secretaria de Comunicação e Relações Institucionais”, sob o argumento de que o setor dá “apoio e colaboração direta” às políticas de direitos humanos e igualdade racial. Atualmente, segundo o atual secretário de Comunicação Social, Cleberson Belino, o veículo está atendendo o setor de Recursos Humanos da municipalidade.
A explicação, no entanto, destoa da estrutura atual da gestão municipal: as políticas de igualdade racial estão vinculadas à Secretaria de Assistência Social, e não ao Gabinete do Prefeito ou à Comunicação Social. O argumento da prefeitura, portanto, reforça a percepção de desorganização administrativa e falta de clareza na gestão de programas federais voltados à população negra.
A administração reconheceu ainda que o controle do uso do veículo é feito de forma manual — sem sistema eletrônico de monitoramento — e prometeu implantar rastreamento via GPS “nos próximos meses”. A justificativa soa tardia diante da gravidade da denúncia, que aponta possível desvio de finalidade e uso indevido de recursos públicos.
Além do carro, outros equipamentos doados pelo Programa Mais Igualdade — como refrigerador, bebedouro e televisão de 50 polegadas — foram direcionados à Secretaria da Mulher. Embora a prefeitura afirme que a destinação “segue alinhada às políticas de promoção social”, o remanejamento reforça o quadro de improviso e fragmentação na gestão de bens vinculados a programas federais.
 
			


















































