A megaoperação policial nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, que deixou 121 mortos, provocou uma reação imediata dos países vizinhos. Argentina e Paraguai anunciaram o reforço de suas fronteiras com o Brasil, diante do risco de fuga de integrantes de facções criminosas envolvidas nos confrontos. O episódio também gerou preocupação na Bolívia, cujo presidente eleito pediu medidas mais efetivas de segurança na região.
Na Argentina, o governo de Javier Milei elevou o nível de alerta ao máximo. A ministra da Segurança Nacional, Patricia Bullrich, declarou o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organizações narcoterroristas, o que permite ações de inteligência e controle mais rígidas nas fronteiras.
“Esse alerta máximo significa observar com muita atenção todos os brasileiros que venham à Argentina, verificando se têm ou não antecedentes, mas sem confundir turistas com integrantes do Comando Vermelho”, afirmou Bullrich. Segundo ela, os agentes receberão um manual de reconhecimento de sinais característicos dessas organizações criminosas. As medidas se concentram principalmente nas zonas de fronteira Leste e Noroeste do país.
O Paraguai também reagiu com rapidez. O Conselho de Defesa Nacional determinou o aumento do patrulhamento e dos controles migratórios nas divisas com o Brasil, além de intensificar operações de inteligência. O governo recebeu alertas do Comando Tripartido — órgão conjunto entre Brasil, Argentina e Paraguai — sobre a possibilidade de fuga de membros do CV pela região da tríplice fronteira.
“Diante dessa situação, as instituições nacionais com competência em matéria de segurança e controle adotaram medidas extraordinárias de prevenção e vigilância em toda a faixa fronteiriça do leste do Paraguai”, informou o conselho em nota oficial. O documento cita ainda ações coordenadas com os governos brasileiro e argentino.
Desde a manhã desta quinta-feira (30), o número de policiais e de veículos de fiscalização aumentou nas passagens entre Brasil e Paraguai. Autoridades locais monitoram se algum integrante do Comando Vermelho, com mandado de prisão no Brasil, conseguiu cruzar a fronteira.
A operação no Rio de Janeiro, considerada a mais letal da história do estado, deixou 121 mortos — entre eles, quatro policiais — e gerou ampla repercussão internacional. A mobilização dos países vizinhos mostra que o combate ao crime organizado brasileiro já é visto como um desafio de segurança regional.
