Outubro é mês de vozes que atravessam o tempo. Mês de literatura que nasce da terra quente brasileira, resistente como o nosso povo e funda como nossas raízes. Em 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, Alagoas, veio ao mundo Graciliano Ramos — duro e humano ao mesmo tempo, mestre do realismo que encara a vida sem maquiagem, revelando as tensões sociais e a dignidade possível mesmo nas maiores secas da alma.
No ano seguinte, em 9 de outubro de 1893, nasceu em São Paulo Mário de Andrade, o modernista que reinventou o Brasil nos livros, nos ritmos, na pesquisa das vozes populares, ajudando a inaugurar uma nova forma de dizer quem somos.
Alguns anos depois, em 31 de outubro de 1902, Itabira, Minas Gerais deu ao país Carlos Drummond de Andrade — o poeta que fez da pedra no meio do caminho um símbolo eterno das nossas dificuldades e descobertas. Um olhar mineiro sobre o mundo inteiro. Um brilhante representante das poesias e que recebeu, como homenagem, o Dia Nacional da Poesia.
E para completar essa colheita literária tão farta, em 24 de outubro de 1932, nasceu em Caratinga, Minas Gerais Ziraldo — criador do Menino Maluquinho e de um universo de traços e cores que acompanharam gerações de leitores, espalhando humor, imaginação e crítica leve pelas páginas da infância brasileira.
Todos brasileiros. Todos filhos desse chão que dá fruto em forma de palavra. Todos lembrando que, aqui, a literatura não é só escrita: ela é plantada, regada e colhida com o coração.
Até o próximo porto,
Estella Parisotto Lucas
