A relação entre a Universidade Federal da Integração Latino-Americana (UNILA) e a direção do Hospital Municipal de Foz do Iguaçu ficou fragilizada após o envio de um ofício pelo hospital, que limita o uso de salas para atividades acadêmicas da universidade e estabelece o remanejamento de aulas sempre que houver conflitos com compromissos institucionais do hospital. Segundo a reitora Diana Araújo, o documento evidencia um retrocesso no convênio e preocupa a universidade, pois pode impactar o andamento do processo de federalização, que transformaria o hospital em unidade sob gestão da UNILA.
“Infelizmente, a situação não está avançando, e na verdade percebemos um retrocesso. Mesmo com todo o aporte da UNILA — com nossos estagiários, estudantes e material para funcionamento das salas —, estamos sendo quase convidados a não participar mais plenamente das atividades do hospital”, afirmou a reitora. Ela explicou que a universidade pretende retomar as conversas com a direção do hospital para reorganizar o alinhamento e manter os termos do convênio vigente.
O ofício enviado pelo Hospital Municipal indica que as quatro salas atualmente cedidas à UNILA, incluindo auditórios e salas pequenas para aulas práticas, têm sido usadas principalmente para atividades acadêmicas, gerando conflitos de horários com eventos internos do hospital. O documento determina que, a partir de 13 de outubro, as aulas coincidentes com compromissos institucionais deverão ser remanejadas ou canceladas, mediante aviso prévio. Para a reitora, o ofício evidencia que a colaboração entre as instituições não está sendo totalmente respeitada, o que gera preocupação sobre o futuro da federalização.
O pró-reitor de Graduação, Antonio Machado Felisberto Júnior, explicou que o convênio atual não está diretamente relacionado ao processo de federalização, mas que a relação estremecida entre universidade e hospital pode interferir no sucesso do processo. “Não é necessário que o hospital seja federalizado para que funcione como hospital escola. O importante é que exista uma boa convivência e cooperação. Hoje, já oferecemos EPIs, suporte de hotelaria e todo material necessário para garantir o funcionamento das atividades acadêmicas”, afirmou. Ele reforçou ainda que a experiência de outras cidades mostra que um hospital universitário pode funcionar plenamente apenas com um convênio bem estruturado.
Diante do cenário, a reitora Diana Araújo afirmou que a UNILA já começa a avaliar alternativas para garantir a continuidade dos projetos acadêmicos e de pesquisa. Uma das possibilidades é utilizar um hospital na região do Mercosul, aproveitando a posição estratégica de Foz do Iguaçu como cidade de fronteira. “Estamos buscando outros caminhos que podem ser mais longos que o Hospital Municipal, mas que talvez sejam mais seguros”, destacou a reitora, reforçando que a prioridade da universidade é manter a qualidade do ensino e da pesquisa, independentemente das dificuldades atuais no convênio.
A reportagem da Rádio Cultura procurou a direção do Hospital Municipal, mas até o momento da postagem desta matéria não havia resposta. A reportagem será atualziada assim que a emissora receber retorno.