A Secretaria de Saúde do Paraná investiga duas novas mortes suspeitas por intoxicação de metanol em Foz do Iguaçu. As vítimas, de 57 e 47 anos, foram encontradas mortas em casa nesta semana. Amostras biológicas foram coletadas e enviadas para análise laboratorial, que deve confirmar se há relação com a ingestão de bebida adulterada. Um terceiro caso, de um homem internado após sofrer uma queda, também é investigado.
Com as novas notificações, o Paraná soma 23 casos registrados de possível intoxicação por metanol. Desses, cinco já foram confirmados — quatro em Curitiba e um em Foz do Iguaçu, que resultou em óbito. Outros 14 foram descartados e quatro permanecem em investigação. O novo caso confirmado na fronteira acendeu o alerta para o consumo de bebidas de procedência duvidosa na região.
Segundo o secretário municipal de Saúde, as vítimas investigadas apresentam histórico de consumo frequente de bebidas alcoólicas. “Atualmente estamos com três casos em investigação: dois óbitos e um paciente, de 70 anos, que procurou atendimento com quadro leve, mas precisou ser hospitalizado por causa de um trauma na cabeça após ingerir bebidas e sofrer uma queda”, afirmou.
O secretário confirmou que um dos estabelecimentos onde a vítima fatal costumava comprar bebidas foi identificado. O lote da cachaça consumida foi retido até que o Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) conclua a análise laboratorial. “Ainda não há confirmação de adulteração. O comércio segue aberto, pois não há prova de que a bebida tenha causado o óbito”, explicou.
De acordo com o gestor, as bebidas suspeitas são de baixo custo e fácil acesso. “Infelizmente, são produtos simples, vendidos em pequenos comércios. É preciso redobrar a atenção e desconfiar de preços muito abaixo do mercado”, alertou. Ele orienta que os consumidores observem o rótulo e o lacre das embalagens, além de denunciarem qualquer suspeita à Vigilância Sanitária, ao Procon ou à Ouvidoria da Saúde. As denúncias também podem ser feitas por meio do aplicativo “E-ouve”.
Os sintomas da intoxicação por metanol costumam aparecer entre seis e 72 horas após o consumo e podem ser confundidos com os de uma ressaca. Entre os sinais mais comuns estão náusea, vômito, dor de cabeça e visão turva. Nos casos graves, a intoxicação pode causar cegueira, dificuldade para respirar, convulsões e até levar à morte.
Para reforçar o atendimento médico, o Paraná recebeu recentemente 604 ampolas de etanol farmacêutico. O medicamento é utilizado como antídoto para intoxicações por metanol. Também foram distribuídas 84 doses de fomepizol, outro antídoto específico. Atualmente, as doses estão centralizadas no Hospital Universitário de Cascavel, mas Foz do Iguaçu já solicitou a inclusão do município na distribuição direta.
“O hospital municipal tem estrutura suficiente para atender os pacientes e já acionamos o protocolo estadual. Caso necessário, poderemos buscar o antídoto em Cascavel”, afirmou o secretário. A Secretaria Municipal de Saúde informou ainda que as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e hospitais da cidade já receberam orientações para identificar possíveis sintomas de intoxicação.
Os casos investigados estão espalhados por diferentes bairros de Foz do Iguaçu, o que, segundo as autoridades, indica que a possível adulteração não se restringe a um único ponto de venda. A Vigilância Sanitária intensificou as vistorias em estabelecimentos e reforçou o pedido à população para comprar bebidas apenas em locais de confiança.