Vereador diz que prefeito não assimila críticas e ignora falhas apontadas pela Câmara

Adnan El Sayed também sugeriu que o presidente da Câmara, Paulo Debrito, largue o cargo para atuar com mais independência e se reconectar com a população.

Foto: Christian Rizzi

O vereador Adnan El Sayed (PSD) fez duras críticas ao prefeito de Foz do Iguaçu, Silva e Luna, afirmando que o Executivo apresenta dificuldade em assimilar críticas feitas pela Câmara Municipal, mesmo quando fundamentadas e voltadas ao interesse público. A declaração foi feita durante entrevista ao programa Contraponto – A Voz do Povo, da Rádio Cultura, em que o parlamentar também criticou a postura da Câmara diante do Executivo e questionou a atuação do presidente da Casa, Paulo de Brito.

Adnan explicou que, em reuniões recentes, os vereadores apresentaram problemas estruturais e de gestão em setores como a educação, apontando falhas no diálogo da secretaria com diretores e escolas. A resposta do prefeito, segundo ele, foi concentrada apenas em promessas de obras e reformas, sem tratar das fragilidades pedagógicas e operacionais destacadas. “O prefeito ouve, mas nem sempre assimila. Cobrança não é antagonismo, é instrumento democrático para corrigir rumos”, disse o vereador.

Críticas ao presidente Paulo Debrito

O parlamentar também criticou a condução da Câmara Municipal sob a presidência de Paulo de Brito, acusando-o de adotar uma postura de submissão ao Executivo e de dificultar a atuação independente dos vereadores.

Adnan citou, por exemplo, a tentativa de criação de um bloco parlamentar voltado à saúde infantil, que teria sido extinto pela presidência, e afirmou que essa postura prejudica a democracia local. “O presidente precisa repensar seu papel, talvez até abrir mão da presidência para focar no mandato de vereador e reconectar-se com a população e com o Legislativo”, avaliou.

G9

A entrevista também trouxe detalhes sobre o G9, grupo formado por nove vereadores que atua em busca de maior independência do Legislativo. Adnan explicou que o grupo não tem líder formal e que suas decisões são tomadas por consenso, analisando cada projeto pelo mérito, e não por motivações políticas.

Ele destacou que o G9 nasceu da necessidade de recuperar o protagonismo da Câmara e de alertar a Prefeitura sobre problemas recorrentes, diante de um diálogo institucional que considera insuficiente.

Sobre os projetos analisados pelo G9, o vereador disse que muitos foram aprovados, mas outros foram rejeitados por questões de mérito, como no caso da utilização da COSIP para fins diversos, que poderia indicar remanejamento inadequado de recursos destinados à segurança pública. O projeto é defendido pelo secretário de segurança do município, Paulo Tinoco, para ampliação e manutenção do sistema de monitoramento. “Não é política por oposição, é avaliação responsável do que é melhor para a cidade”, explicou Adnan.

Gestão não apresenta resultados concretos

Adnan também abordou a falta de resultados concretos da gestão, citando setores críticos como saúde, educação, segurança e infraestrutura. Ele destacou que, embora alguns projetos do governo estadual estejam previstos para execução em Foz do Iguaçu, como obras de infraestrutura e investimentos em saúde, eles não resolvem os problemas estruturais e de gestão do município. “Mesmo que todas as obras sejam executadas, não significa que a saúde ou a educação vão melhorar automaticamente. São questões distintas”, explicou.

Falta de diálogo

Outro ponto mencionado foi a falta de um interlocutor eficaz entre Executivo e Legislativo. Segundo Adnan, o secretário de Comunicação, que acumulava atribuição de relações institucionais, e o líder do governo na Câmara, Cabo Cassol, não garantiam diálogo suficiente para a construção de políticas públicas mais efetivas. “A execução depende do Executivo. Mesmo que aprovemos leis, sem diálogo, a implementação fica comprometida”, afirmou.

Ao concluir a entrevista, Adnan reforçou que o G9 mantém a missão de colocar os interesses da população e da cidade em primeiro lugar, preservando a independência da Câmara e fiscalizando a execução de políticas públicas. “Harmonia entre poderes é importante, mas silêncio diante dos problemas não é opção. Precisamos garantir que a cidade avance de fato”, finalizou.

Assista a entrevista na íntegra

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