Mulher vítima de feminicídio enfrentava ciclo de violência com agressor desde 2023

Delegada reforça que a vítima não tem culpa; fatores emocionais e dependência influenciam permanência no ciclo.

Imagem ilustrativa.

A mulher vítima de feminicídio em Foz do Iguaçu, na noite de segunda-feira (6), no bairro Ouro Verde, vivia um ciclo de violência doméstica e familiar com o marido desde 2023. Marilza Ribeiro Sauer, de 55 anos, chegou a solicitar medidas protetivas em diferentes momentos, mas acabou retornando ao convívio do agressor, inserida em uma dinâmica de dependência emocional e psicológica comum em casos de violência doméstica.

A delegada da Mulher, Giovana Antonucci, explicou que a vítima registrou boletins de ocorrência relatando ameaças, violência psicológica e restrições à liberdade, como não poder ir sozinha ao supermercado. “Solicitar medidas protetivas foi um passo importante, e a rede de proteção funcionou. No entanto, ela acabou retornando ao convívio com o agressor, como infelizmente ocorre em muitos casos”, disse a delegada.

Antonucci detalhou como o ciclo de violência se mantém: começa com tensão e ameaças, pode escalar para violência física, e em seguida entra na fase de “lua de mel”, quando o agressor se desculpa e promete mudança. “Ninguém gosta de ser violentada. O agressor pode ter qualidades percebidas ou a mulher pode ter dependência emocional ou financeira. Esses fatores contribuem para que ela permaneça nesse ciclo, mesmo buscando ajuda”, explicou.

A delegada também destacou que a vítima não pode ser culpabilizada pelo que aconteceu. “A culpa nunca é da vítima. Um feminicídio é sempre resultado de um agressor. Precisamos compreender os fatores que mantêm as mulheres nesses ciclos e reforçar a proteção e o acompanhamento constante”, afirmou.

Marilza teve medidas protetivas deferidas pelo Poder Judiciário em 2023 e novamente solicitadas em 2025, demonstrando a atuação da rede de proteção, que inclui a Delegacia da Mulher, Casa Abrigo e CRAM. No entanto, fatores emocionais, dependência e a própria dinâmica do relacionamento contribuíram para que ela voltasse ao convívio com o agressor.

O caso evidencia como o feminicídio é muitas vezes um crime anunciado, resultado de um histórico de violência, e reforça a importância de políticas públicas eficazes, acompanhamento constante das vítimas e conscientização sobre os sinais do ciclo de violência doméstica.

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