Foz do Iguaçu reúne comunidade em ato pró-Palestina e clama por justiça humanitária

Sheikh Oussama El Zahed destaca genocídio em Gaza, pede liberdade de ativistas brasileiros e reforça apelo por paz e dignidade humana

Arquivo/Guatá/Meramente ilustrativa

Neste domingo (5), Foz do Iguaçu sediou um ato pró-Palestina que reuniu membros da comunidade árabe, estudantes universitários e apoiadores de diferentes segmentos da sociedade. O evento teve como destaque o discurso do Sheikh Oussama El Zahed, que abordou a situação em Gaza e clamou por justiça e liberdade.

Durante a manifestação, que aconteceu na Praça da Paz, o Sheikh ressaltou que o conflito em Gaza transcende questões regionais e religiosas, tratando-se, acima de tudo, de um tema humanitário. “A questão da Gaza deixou de ser uma questão do povo da Gaza ou do povo da Palestina, do povo árabe e muçulmano. Ao contrário, é uma questão humana que roubou o nosso Criador”, afirmou.

O líder religioso também criticou a falta de resposta internacional diante da violência contra civis, especialmente crianças. Segundo ele, mais de 15 mil crianças teriam perdido a vida no conflito. “Parece um mundo que classificou a humanidade em dois tipos: uns que valem como uma barata e outros como uma espécie rara, um pássaro lindo, uma borboleta. Nossos irmãos humanos em Gaza merecem ser respeitados, merecem paz e justiça”, declarou.

Além de destacar a situação humanitária em Gaza, Sheikh Oussama reivindicou a libertação de 15 ativistas brasileiros detidos em Israel. Eles participavam de uma missão humanitária que tinha como objetivo levar leite, remédios e alimentos às crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade na região. “Eles foram tratados como lixo, considerados terroristas. Decidimos exigir a libertação deles em primeiro lugar e também a liberdade da Gaza”, disse.

O ato contou com a exibição da bandeira palestina, que segundo o Sheikh, simboliza dignidade, honra e resistência. Ele destacou ainda o posicionamento do governo brasileiro, citando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que classificou os ataques como um massacre: “Não posso considerar como uma guerra, é um genocídio, uma matança de civis, principalmente crianças”, enfatizou.

O evento em Foz do Iguaçu reforça o engajamento da sociedade civil em questões de direitos humanos e solidariedade internacional, reunindo comunidades e instituições em torno da pauta humanitária.

Crise humanitária em Gaza

A situação em Gaza é considerada extremamente grave e caótica, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU). Além dos constantes ataques e bombardeios, a população enfrenta deslocamento forçado e dificuldades severas no acesso a alimentos, água potável e serviços de saúde.

Desde o início do conflito entre Israel e Hamas, em outubro de 2023, autoridades de saúde palestinas registram mais de 65 mil mortos e 165 mil feridos na região. Esses números podem ser ainda maiores, conforme relatam entidades internacionais.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) alerta que cerca de 42 mil pessoas sofreram ferimentos com consequências permanentes, o que corresponde a aproximadamente um quarto de todas as lesões registradas, em um total de 167.376 casos. Entre os feridos, mais de cinco mil necessitaram de amputações.

Outros ferimentos graves incluem:

22 mil lesões em braços e pernas;

2 mil danos na medula espinhal e 1,3 mil no cérebro;

3,3 mil queimaduras severas.

Do total de 36 hospitais em Gaza, apenas 14 seguem parcialmente operacionais, segundo a ONU. Com a aproximação do inverno, o frio pode agravar ainda mais as condições de saúde, especialmente entre crianças e idosos.

O número de deslocados internos na Faixa de Gaza é estimado em cerca de 400 mil pessoas. De acordo com o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA), apenas 18% do território não está sob ordens de evacuação ou localizado em áreas militarizadas.

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