Há 10 anos, a cidade de Foz do Iguaçu vivia a expectativa dos últimos detalhes para a inauguração da revitalização do Marco das Três Fronteiras. Isso porque o espaço de encontro entre Brasil, Argentina e Paraguai, passava por uma profunda transformação após ser concedido pela Prefeitura de Foz do Iguaçu ao Grupo Cataratas – uma das maiores empresas de turismo sustentável do Brasil -, por meio de concessão.
Muito mais do que um ponto geográfico, o obelisco, construído em 1903, simboliza historicamente a soberania do Brasil ao mesmo tempo que a união trinacional. Ele também se entrelaça à própria trajetória de Foz do Iguaçu, fundada anos depois, em 1914.
No entanto, antes da concessão, o espaço que hoje recebe milhares de moradores da região e turistas de várias partes do mundo, tinha estrutura simples, composta por calçadas e pequenos canteiros. O comércio local oferecia opções de alimentação, mas faltava segurança e atratividade turística ao local, vista a importância histórica e as belezas naturais.
Foi a partir disso que a Prefeitura de Foz do Iguaçu definiu pela concessão do espaço para a iniciativa privada em uma proposta idealizada pelo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz) e o Fundo de Desenvolvimento e Promoção Turística do Iguaçu (Fundo Iguaçu). O objetivo era unir forças em prol de um projeto de resgate histórico e promoção de desenvolvimento sustentável do espaço.
Segundo Lourenço Kuerten, fiscal de obras da prefeitura, o local não possuía estrutura adequada para os visitantes, como banheiros ou alimentação. A concessão buscou reverter esse cenário, escolhendo uma empresa que pudesse revitalizar a área e oferecer novos equipamentos e serviços, seguindo critérios definidos em comissão e licitação.
Ele também destacou que, por ser a primeira concessão municipal do turismo na cidade, houve um trabalho intenso com diferentes setores da administração, como a Procuradoria Geral, Secretaria de Planejamento, Controladoria e Secretaria de Turismo. O objetivo era criar um atrativo que resgatasse a história local, atraísse visitantes e garantisse acesso gratuito à população de Foz do Iguaçu, reforçando o sentimento de pertencimento.
“O que a gente queria é justamente isso que temos atualmente, um atrativo que resgata a questão do local, que atrai um número muito maior de visitantes, mas que também preserva a característica da comunidade de Foz do Iguaçu de poder visitar com acesso livre e gratuito para ter essa questão de pertencimento do atrativo. Uma palavra para definir o Marco das Três Fronteiras, dentro da Secretaria de Turismo, é sensacional”, destacou Kuerten.
A transformação
Ao assumir a gestão do Marco das Três Fronteiras, o Grupo Cataratas não apenas tornou o espaço um atrativo turístico, como também deu a ele deu contornos que valorizam a história da região.
O espaço de estrutura simples deu lugar a um obelisco cercado por show de águas e luzes. Em seu entorno, uma cenografia que remete às missões jesuíticas ganhou formas e deu à vista privilegiada ao encontro trinacional, banhado pelos rios Iguaçu e Paraná, conforto e mais beleza. Além disso, foram incorporadas ao espaço novas áreas de convivência, acessibilidade, loja de souvenirs, lanchonete e um restaurante temático. Este último homenageia Álvar Núñez Cabeza de Vaca, aventureiro espanhol que, segundo relatos históricos, foi o primeiro europeu a avistar as Cataratas do Iguaçu, em 1542.
Um marco do turismo e da memória: uma década de transformação
Com a nova estrutura, o Marco passou a receber eventos culturais, apresentações artísticas e uma programação voltada tanto para moradores, quanto para turistas. O número de visitantes cresceu exponencialmente após a revitalização, reforçando o local como um dos principais atrativos turísticos da cidade e consolidando sua importância na economia local. Somente em 2024, mais de 450 mil pessoas visitaram o atrativo.
“Começamos com uma visitação pouco expressiva, e hoje estamos chegando próximo ao meio milhão de visitantes no ano. O Marco das Três Fronteiras é um case de sucesso, é um show em Foz”, afirmou o gerente de operações do atrativo, Marcelo Moretti. A revitalização do Marco das Três Fronteiras mostra como a união entre poder público, iniciativa privada e a sociedade civil pode transformar espaços históricos em motores de desenvolvimento.
“Começamos com uma série de incertezas e hoje, vendo o sorriso no rosto dos nossos visitantes é satisfatório. E traz toda essa questão também da origem, dos fundamentos do Grupo Cataratas, sempre baseado na conservação, nos fornecedores locais, na isenção do morador de Foz do Iguaçu. Isso é muito importante para o grupo”, complementou Moretti.
A concessão completa uma década em dezembro e os resultados são visíveis: aumento no fluxo turístico, valorização da região do Porto Meira, geração de empregos diretos e indiretos, fortalecimento do sentimento de pertencimento da comunidade local e preservação de um dos símbolos mais importantes da tríplice fronteira.