Uma criança encaminhada para um neuropediatra em Foz do Iguaçu pode demorar um ano e meio para passar pela primeira avaliação especializada. Atualmente o atendimento é ofertado no CER IV, 156 consultas/mês; Centro de Nutrição Infantil, 30 consultas/mês e Associação Fraternidade Aliança que oferece oito consultas semanais, em média. Todos estes equipamentos têm pacientes que sofrem de distúrbios neurológicos mais graves, como distúrbios intelectuais, e que precisam de acompanhamento mais próximo.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, o tempo de espera é impactado por fatores como demandas judiciais e a escassez de profissionais. Atualmente, o município conta com dois neuropediatras presenciais no CER IV, além de uma médica concursada que atua em regime de teletrabalho e os profissionais vinculados ao Centro de Nutrição e à AFA. Um chamamento público para contratação de novos especialistas foi realizado recentemente, mas não houve interessados.
“Aumentar a oferta de consultas depende da ampliação da carga horária dos profissionais e da contratação de novos especialistas. Entretanto, enfrentamos dificuldades pela falta de neuropediatras disponíveis e pelo desinteresse em atuar no SUS”, destacou a Secretaria Municipal de Saúde em ofício enviado à Câmara Municipal para responder questionamento do vereador Adriano Rorato sobre o assunto.
O resultado da oferta inferior à demanda é uma fila que não para de crescer. Em setembro haviam quase 3.200 pacientes na fila aguardando pela primeira consulta, sendo 645 pacientes aguardam atendimento no CER IV, voltado a casos de deficiência intelectual, e outros 2.551 pacientes compõem a fila geral para consultas em neuropediatria.
O impacto negativo dessa demora, que também atrasa o diagnóstico, pode se estender pela vida inteira. A falta de determinados estímulos ou medicamentos interferem no aprendizado, comunicação, socialização e até desenvolvimento intelectual da criança. Esse tempo sem acompanhamento dificilmente pode ser recuperado totalmente. Sem acompanhamento a criança também perde qualidade de vida.
Segundo a resposta ao parlamentar, a prefeitura segue em tratativas com o Governo do Estado para avaliar estratégias de ampliação da rede de atendimento, enquanto mantém o fluxo de consultas regulado por critérios clínicos e de prioridade.