A Justiça Militar do Paraná condenou 16 policiais militares da 2ª Companhia de Polícia Militar de Medianeira, no Oeste do estado, por crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, peculato e prevaricação. As penas variam de 5 a 16 anos de prisão, além de pagamento de valores às vítimas, e todos foram afastados da função pública.
A decisão foi assinada pela juíza Maria Cristina Franco Chaves em 11 de setembro e atendeu, em parte, à denúncia apresentada pelo Ministério Público do Paraná (MPPR) em 2021, no âmbito da Operação Desviados II. A investigação, conduzida pelo Gaeco de Foz do Iguaçu, apontou que os militares usavam o cargo para se apropriar de mercadorias apreendidas em abordagens, como eletrônicos e perfumes, liberando os transportadores sem registrar ocorrências formais.
As condenações
Entre os condenados estão:
- Nasser Mohamed Egal, com a maior pena: 16 anos, 4 meses e 18 dias de reclusão e mais 1 ano, 9 meses e 18 dias de detenção, em regime fechado;
- Juliano Sabbi, sentenciado a 14 anos e 9 meses de reclusão e 1 ano e 6 meses de detenção;
- Ricardo Bampi e Diego Araújo dos Santos, com penas acima de 13 anos de reclusão;
- Outros policiais receberam condenações menores, entre 5 e 9 anos, além de detenção por prevaricação.
Quatro acusados – Ademir Ditzmann, Ivanir Mees, Maurício Cleiton Roque e Patrick Pereira – foram punidos apenas com prestação pecuniária equivalente a cinco salários mínimos cada, a serem pagos de forma parcelada.
O esquema
Segundo a denúncia, os PMs paravam veículos com mercadorias vindas do Paraguai e se apropriavam de parte ou da totalidade dos produtos. Para dar aparência de legalidade às ações, registravam boletins de ocorrência com informações falsas ou genéricas. Os relatos das vítimas indicaram um padrão de atuação.
O caso é desdobramento da Operação Desviados, deflagrada em 2019, que já havia levado à prisão outros policiais em Santa Terezinha de Itaipu.
Repercussão
Em nota, a Polícia Militar do Paraná informou que já havia instaurado procedimentos internos desde os fatos investigados, resultando na exclusão de cinco policiais. Sobre a nova decisão, destacou que ainda cabe recurso e que aguardará o trânsito em julgado para decidir se os militares permanecerão ou não na corporação.
As defesas dos condenados anunciaram que vão recorrer. Alguns advogados afirmaram que a sentença se baseou em contradições nos depoimentos de contrabandistas e em indícios, não em provas.