Nos anos 1970, era quase uma brincadeira de improviso: reduzir uma prancha de surfe, colocar quatro rodinhas embaixo e sair deslizando pelas ruas. Assim nasceu o skate, uma prática que, desde o início, carregou tanto paixão quanto preconceito. Enquanto para uns era símbolo de liberdade, para outros parecia sinônimo de marginalidade.
Décadas depois, o cenário mudou, e mudou muito. O que antes era um pequeno grupo visto com desconfiança, hoje é uma comunidade intergeracional que cresce, se organiza e ocupa espaços. Em Foz do Iguaçu, essa transformação ganhou um palco privilegiado: a cidade vem se consolidando como um dos polos do skate na região da tríplice fronteira.
Uma das provas dessa evolução é o Fronteira Skateboard, competição de nível internacional que conecta atletas de diversas idades e nacionalidades em um só objetivo: mostrar que o skate é cultura, esporte e integração. O evento conta com o apoio da Prefeitura de Foz do Iguaçu e da Secretaria Municipal de Esporte, Lazer, Juventude e Melhor Idade, reforçando o compromisso da cidade com a valorização da modalidade.
Bruno Nicklevicz, representante da Associação dos Skatistas e um dos produtores do evento, conhece bem essa mudança. Para ele, o torneio abre portas, “Este torneio abre portas para que a comunidade veja de forma correta o que é skate e mude a ideia da marginalização. Hoje, muitas pessoas praticam o esporte porque gostam e se encontram nele”, explica.
Mais do que competição, o evento é também um manifesto de pertencimento. A pista em frente ao Ginásio Costa Cavalcante, palco do torneio, está sendo revitalizada pela própria comunidade, em parceria com apoiadores. “O skatista sempre teve vontade de fazer as coisas sem esperar acontecer. Levantamos as mangas e decidimos mudar”, conta Bruno, orgulhoso da iniciativa.
No dia 21 de setembro, das 14h às 20h, o espaço vai receber não só as manobras ousadas dos atletas, mas também apresentações musicais e feirantes locais, transformando a data em uma verdadeira celebração cultural.
O skate que nasceu como “tabu” hoje desliza firme em direção ao reconhecimento. Em Foz do Iguaçu, ele não é mais sinônimo de marginalidade, é símbolo de comunidade, criatividade e resistência.