“Hoje, enxergo a vida com um novo olhar.” É assim que Dayane Lorane Batista de Andrade, de 37 anos, resume a transformação em sua vida após receber um transplante de córnea. Os primeiros sinais do ceratocone surgiram ainda na infância. Aos 9 anos, ela começou a sentir dores constantes nos olhos, vermelhidão, sensibilidade à claridade e percebeu que algo não estava bem. “Eu sentia muita dor, não tinha mais reflexo no olho direito e a visão foi escurecendo, até que nem vultos eu conseguia ver”, relembra.
A preocupação da mãe levou Dayane a um oftalmologista, que diagnosticou ceratocone, doença que afeta a curvatura da córnea e pode levar à cegueira. O primeiro transplante foi realizado aos 13 anos, em Belo Horizonte (MG). No entanto, duas décadas depois, o enxerto foi rejeitado, causando úlceras e agravando ainda mais a perda de visão.
Depois de enfrentar anos de espera e incertezas, Dayane decidiu buscar atendimento no Hospital de Olhos de Cascavel. A partir desse momento, inscreveu-se na fila de transplante do Paraná, aguardando a doação da córnea. A viagem foi longa, mais de mil quilômetros e quase 20 horas de estrada, até que ela recebeu a notícia. “No dia 11 de abril de 2025, fui informada sobre a confirmação da cirurgia. Quando cheguei ao hospital, me senti em casa. Fui acolhida com muito carinho”, conta. “Foi um momento muito especial. Eu já não enxergava nada e já havia passado por um transplante no olho esquerdo e dois no direito”.
Quando a córnea perde sua forma
O ceratocone é a principal causa de transplante de córnea no Brasil. Segundo o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a doença está entre as principais responsáveis pelos cerca de 13 mil transplantes realizados anualmente no país. A condição provoca o afinamento e a deformação da córnea, que adquire formato de cone, comprometendo de forma progressiva a visão.
“Essa doença afeta principalmente crianças, jovens e adultos jovens, mas pode ser prevenida. Além de manter consultas regulares com o oftalmologista, é fundamental evitar coçar os olhos. O hábito de esfregá-los com frequência provoca microtraumas na córnea, que a tornam mais frágil, fina e com formato de cone”, explica o oftalmologista do Hospital de Olhos de Cascavel, Dr. Ramon Hallal.
O tratamento pode incluir o uso de óculos, lentes de contato especiais, implante de anel intracorneano e, em casos mais avançados, o transplante de córnea. De acordo com o Ministério da Saúde, o ceratocone afeta cerca de 150 mil pessoas por ano no Brasil. “O transplante é indicado apenas quando não há melhora visual com as outras opções e, felizmente, é um procedimento seguro e eficaz. É importante destacar que o ceratocone não causa cegueira irreversível”, reforça o especialista.
Banco de Olhos
O Banco de Olhos de Cascavel, localizado no Hospital de Olhos da cidade, é responsável pela abordagem familiar, captação, preparo e avaliação das córneas. O procedimento apresenta alto índice de sucesso, especialmente em casos de doenças restritas à córnea, devolvendo a capacidade de enxergar e a qualidade de vida a muitos pacientes.
Com 19 anos de atuação, a instituição reúne tecnologia, equipe especializada e estrutura de excelência para a coleta e preparo de córneas. Nesse período, já realizou mais de 7 mil captações e distribuiu mais de 14 mil córneas, devolvendo a visão e a esperança a milhares de pessoas.
Doar é devolver a visão
Setembro é o mês dedicado à conscientização sobre a doação de órgãos e tecidos. No Paraná, 2.040 pessoas aguardam por um transplante de córnea, segundo o Sistema Estadual de Transplantes. Cada uma dessas vidas pode ser transformada por uma atitude simples: conversar com a família e manifestar o desejo de ser doador.
“Enxergar novamente é uma dádiva de Deus. Eu acreditava que nunca mais conseguiria ver meu filho crescer ou fazer as coisas simples do dia a dia. Doar é transformar a dor de uma família em esperança para outra. Graças a esse gesto, voltei a ler e trabalhar”, agradece Dayane.
Sobre o Hospital de Olhos de Cascavel
O Hospital de Olhos de Cascavel é o único hospital oftalmológico do Paraná com a certificação ONA Nível 3, o que atesta a qualidade e segurança oferecida aos pacientes há mais de três décadas. Com duas unidades localizadas em Cascavel e uma unidade prestes a ser inaugurada na cidade de Toledo, o Hospital de Olhos é referência em cuidado com a visão. Além do corpo clínico altamente qualificado, oferece aos pacientes estrutura moderna com salas cirúrgicas, centro de diagnóstico por imagem, ambulatórios clínicos e cirúrgicos, todas elas equipadas com tecnologia de última geração para exames e procedimentos.