Foz do Iguaçu sedia fórum sobre integração de fronteiras e combate ao crime organizado

Autoridades nacionais e internacionais discutiram estratégias de segurança, tráfico de drogas e desenvolvimento das regiões de fronteira.

Foto: Creison Oliveira/BNDES

A Itaipu Binacional recebeu nos dias 27 e 28 de agosto o II Fórum Regional sobre Proteção Integrada de Fronteiras no arco Sul-Sudeste. O evento, promovido pelo Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI/PR), discutiu ilícitos na região da Tríplice Fronteira entre Argentina, Brasil e Paraguai, com ênfase no tráfico de drogas. Além disso, outros crimes com reflexos no cenário nacional e regional também foram debatidos, assim como a elaboração da Estratégia Nacional de Fronteiras.

O fórum promoveu o debate entre governo e sociedade civil sobre estratégias para aprimorar políticas de proteção integrada de fronteiras. Entre os objetivos estavam a atualização de diagnósticos sobre ilícitos transfronteiriços, crimes ambientais e delitos conexos; a apresentação de recomendações para políticas públicas mais eficazes; o estímulo à articulação entre gestores de segurança de fronteiras; e o fortalecimento e expansão dos Gabinetes de Gestão Integrada de Fronteiras (GGIF) na área terrestre, além de incentivar estruturas similares na fronteira marítima.

O ministro do GSI/PR, Marcos Amaro, abriu o evento destacando a importância da Política Nacional de Fronteiras, implementada pelo presidente Lula no ano anterior. “Para nós, este fórum visou promover especialmente a Política Nacional de Fronteiras. Nós demos o primeiro fórum deste tipo em Manaus, com o mesmo objetivo, mas o ambiente aqui é mais humanizado, com maior população e maior fronteira”, afirmou. Ele explicou ainda que o encontro buscou colher subsídios para a Estratégia Nacional de Fronteiras, que seria apresentada ainda no terceiro trimestre de 2025, por meio de decreto, e que visa aplicar os 11 objetivos da política nacional.

Em seguida, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, ressaltou os desafios do Brasil na proteção de suas fronteiras. Ele afirmou que o desenvolvimento econômico das regiões de fronteira é essencial para reduzir a criminalidade. “Precisamos fomentar a economia da fronteira, trazer mais investimentos, mais empregos e mais oportunidades, para que não haja espaço para organizações criminosas e para o tráfico de drogas”, disse. Mercadante destacou ainda os investimentos do BNDES em infraestrutura, cooperativismo e inovação tecnológica, reforçando que o combate à criminalidade envolve tanto segurança e inteligência quanto desenvolvimento social.

O ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, enfatizou a extensão e complexidade das fronteiras brasileiras. “Temos 17 mil quilômetros de fronteira, talvez uma das maiores do mundo, com áreas habitadas e quase inóspitas. É essencial agir antes da violação, humanizar e proteger áreas, especialmente onde o crime organizado age com facilidade. Cada região enfrenta desafios específicos e encontros como este são fundamentais para encontrar soluções”, declarou. Ele citou ainda operações conjuntas com Paraguai, Uruguai e Argentina.

O diretor-geral da Itaipu Binacional, lado brasileiro, Enio Verri, ressaltou o papel estratégico da usina na tríplice fronteira e os investimentos em desenvolvimento e segurança. “Para nós, a relação com os municípios, o desenvolvimento e a segurança é determinante. A Itaipu é muito mais que energia; investimos em tecnologia, oferecemos energia limpa e barata, e promovemos o programa ‘Mais Que Energia’, voltado à integração da fronteira, inclusão social e desenvolvimento territorial”, afirmou. Verri destacou ainda os investimentos em equipamentos de segurança e ações integradas com o Brasil, Paraguai e Argentina.

O secretário de Segurança Pública do Paraná, Hudson Leôncio Teixeira, destacou a relevância das ações integradas no estado. “A organização deste fórum somou às diversas iniciativas que já realizamos no Paraná e com países vizinhos. Esses encontros promovem troca de experiências, alinhamento de estratégias e reforçam a importância de um trabalho conjunto entre estados, países vizinhos e governo federal”, declarou.

O prefeito de Foz do Iguaçu, Silva e Luna, enfatizou a vulnerabilidade da região. “Nossa fronteira com o Paraguai tem 1.365 quilômetros, a maior parte em água, e é permeável. O movimento de pessoas, tráfico de drogas, descaminho e contrabando é intenso. A presença das Forças Armadas, do GSI e do Ministério da Defesa reforça a proteção, mas mesmo com todos os órgãos atuando, ainda é insuficiente para atender a região”, disse. Ele destacou que uma grande parte da cocaína apreendida no Brasil passa por Foz do Iguaçu, evidenciando a complexidade do trabalho na área.

Participaram do fórum gestores de segurança pública de dez estados, representantes de órgãos federais de segurança, controle migratório, aduaneiro, sanitário e ambiental, além de professores e especialistas da Argentina, Paraguai, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), Instituto de Desenvolvimento Econômico Social de Fronteira (Idesf), Secretaria Nacional de Segurança Pública e Escola de Comando e Estado-Maior do Exército.

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