A Secretaria Municipal de Assistência Social de Foz do Iguaçu iniciou nesta terça-feira (12), o treinamento para servidores e voluntários que participarão do primeiro censo sobre a população em situação de rua do município. A capacitação, realizada no auditório da Fundação Cultural, prossegue até essa quarta-feira (13) e marca o início de uma etapa decisiva para a elaboração do levantamento, considerado inédito na história de Foz e pioneiro entre cidades do interior do Brasil.
De acordo com o secretário de Assistência Social, Alex Thomazi, há experiências semelhantes em outras localidades, mas geralmente coordenadas por universidades ou instituições externas. “Nós sabemos que é o primeiro do interior elaborado e liderado pelo próprio município. Há uma iniciativa em Londrina, mas desenvolvida pela universidade”, pontuou.
Participam do treinamento representantes de diferentes secretarias, acadêmicos, universidades, voluntários e membros do Comitê Integrado de Monitoramento e Atendimento à População em Situação de Rua (Ciamp), órgão paritário formado por representantes do poder público e da sociedade civil organizada. Ao todo, 48 pessoas estão envolvidas nas atividades.
A capacitação tem como objetivo preparar as equipes para a aplicação de um questionário, criado especialmente para o censo. As entrevistas abordarão temas como saúde, educação, habitação, vínculos familiares e empregabilidade. As respostas serão registradas por meio de um aplicativo desenvolvido em conjunto com a Secretaria Municipal de Tecnologia da Informação, a própria Assistência Social e o Ciamp.
Segundo Thomazi, o trabalho começou em fevereiro, com a criação de uma comissão responsável pela elaboração das perguntas e pela definição do formato da pesquisa. “Montamos as equipes, testamos o aplicativo e agora estamos na etapa de preparar quem vai para as ruas”, afirmou.
Abordagem em três turnos
A operação de campo será realizada entre os dias 19 e 25 de agosto, em três turnos diários (manhã, tarde e noite). As equipes percorrerão todas as regiões da cidade para identificar e registrar informações sobre as pessoas em situação de rua.
“Queremos estratificar e entender quais políticas públicas precisamos mirar para sermos mais assertivos no atendimento a essa população”, disse.
Dados atuais estão defasados
Hoje, as informações oficiais são baseadas no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal, que registra entre 964 e 1.060 pessoas em situação de rua em Foz do Iguaçu. O secretário afirma que esses dados estão defasados, já que o cadastro pode ser atualizado a cada dois anos e nem sempre reflete a situação atual. “Muitas vezes a pessoa se registrou aqui, mas já mudou de cidade. É uma fotografia borrada. O censo vai nos mostrar, nesse recorte de tempo, exatamente quantas pessoas estão aqui”, afirmou.
O levantamento permitirá ainda verificar a rotatividade dessa população, que pode incluir pessoas que circulam entre diferentes municípios. “Podemos encontrar tanto um número maior quanto menor do que o atual. O importante é termos um dado real para planejar as ações”, disse Thomazi.
Com a finalização do censo, prevista para o fim de agosto, a prefeitura espera ter um diagnóstico detalhado da população em situação de rua, servindo de base para políticas públicas mais direcionadas e eficazes. “Este será um passo fundamental para garantir que o atendimento seja cada vez mais qualificado e adaptado às necessidades reais de quem vive nas ruas”, concluiu o secretário.