O Projeto Onças do Iguaçu acaba de registrar, pela primeira vez em vídeo no Parque Nacional do Iguaçu, um uiraçu (Morphnus guianensis), uma das aves de rapina mais raras e imponentes das Américas, ameaçada de extinção. O flagrante foi feito por uma das armadilhas fotográficas instaladas pelo projeto, que faz um minucioso trabalho de monitoramento da fauna do Parque Nacional.
A ave foi filmada quando desceu ao chão da floresta. Essas câmeras registram, 24 horas por dia, a vida selvagem do Parque, permitindo identificar espécies e compreender melhor sua ecologia e distribuição. A aparição surpreendeu a equipe, já que os registros da espécie são escassos, especialmente no Sul do país.
Embora esta seja a primeira vez que a espécie é filmada no Parque, já havia um registro fotográfico anterior, realizado em 2022 por um observador de aves e publicado na revista científica Cotinga (nº 47, 2025). Na ocasião, o uiraçu foi observado predando um gambá, o que representou a primeira documentação desse comportamento alimentar para a espécie.
Segundo Yara Barros, coordenadora do Projeto Onças do Iguaçu, o novo registro é mais do que um achado científico: “O registro de um uiraçu aqui no Parque é prova da qualidade ambiental, visto que é um predador do topo da cadeia que precisa de áreas extensas e intactas. O Parque Nacional do Iguaçu segue sendo um refúgio seguro para a vida selvagem”.
Vânia Foster, Coordenadora de Pesquisa do Projeto, afirma que “Esse registro raríssimo ressalta ainda mais a relevância do Projeto Onças do Iguaçu e das valiosas informações por ele obtidas, não só sobre onças, mas sobre a fauna do Parque em geral. Esse tipo de registro nos emociona, faz com que o imenso esforço que empreendemos em campo valha à pena.”
De acordo com Tânia Sanaiotti, Coordenadora do Projeto Harpia no Brasil e que trabalha com harpias, uiraçus e Spizaetus há 28 anos “Esse registro é fantástico. A distância desse segundo registro de um uiraçu adulto, para o primeiro registro em 2022, evidencia que há mais de um casal no Parque Nacional do Iguaçu, que aparentemente mantém uma população estável da espécie”.
“A ocorrência do uiraçu-falso Morphnus gujanensis, no Parque Nacional do Iguaçu, é um fato muito importante para a Ornitologia do estado do Paraná. A espécie habita florestas densas e em bom estado de conservação, é muito difícil de ser visualizada devido aos seus hábitos de se ocultar na floresta” diz Pedro Scherer Neto, um dos mais respeitados ornitólogos do país.
Para o Chefe do Parque Nacional, José Ulisses dos Santos, “Receber a notícia do avistamento do uiraçu — uma das aves mais raras da nossa fauna — no Parque Nacional do Iguaçu é motivo de imenso orgulho e celebração para todos nós.
É uma prova viva da relevância ecológica do Parque como unidade de conservação e reflete diretamente o quanto valeu a pena as décadas de defesa da integridade do seu território”.Esse registro ressalta a importância de mantermos a integridade do Parque Nacional do Iguaçu, e destaca seu papel fundamental para garantir a sobrevivência de espécies raras.
Reconhecido como Patrimônio Natural da Humanidade, protege um dos maiores contínuos de Mata Atlântica do Brasil. Com mais de 170 mil hectares de florestas, rios e quedas d’água, abriga uma biodiversidade extraordinária, incluindo espécies raras e ameaçadas, e é lar das mundialmente famosas Cataratas do Iguaçu.
O Projeto Onças do Iguaçu é um projeto institucional do ICMBio, desenvolvido desde 2018 em parceria entre o Parque Nacional do Iguaçu (ICMBio) e o Instituto Pró Carnívoros, e tem como parceiros executores o CENAP/ICMBio e WWF Brasil. Sua missão á e conservação da onça-pintada como espécie-chave da biodiversidade do Parque Nacional do Iguaçu, e sua visão é termos onças, pessoas e o parque
prosperando juntos. Seu trabalho inclui pesquisa, engajamento e coexistência entre pessoas e grandes felinos.
O Projeto Harpia é uma iniciativa de pesquisa e conservação voltada para a harpia (Harpia harpyja), a maior ave de rapina das Américas. Criado no Brasil em 1997, atua no monitoramento de ninhos, estudo da ecologia da espécie, resgate e reabilitação de indivíduos, além de ações de educação ambiental e engajamento comunitário para proteger a ave e seu habitat. Embora focado na harpia, o projeto também registra e estuda outras grandes aves de rapina raras, como o uiraçu (Morphnus guianensis).