No primeiro semestre de 2025, a Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu apreendeu R$279.446.933,00 em mercadorias na região que engloba a zona primária e secundária da fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina. Estes itens são provenientes dos crimes de contrabando e descaminho, atividades ilícitas que tem grande ocorrência na fronteira mais movimentada do país.
A ALF Foz do Iguaçu representa 13,93% do total de mercadorias apreendidas em todo o território nacional e 43,78% das apreensões realizadas na 9ª Região Fiscal, que abrange os estados do Paraná e Santa Catarina. O resultado demonstra o empenho das equipes da Receita Federal que atuam para combater os crimes transfronteiriços nos arredores da tríplice fronteira.
Entre as mercadorias que merecem destaque em relação a frequência e volume de apreensões, estão os eletroeletrônicos e cigarros convencionais. Nota-se também um aumento nas apreensões de cigarros eletrônicos.
Confira a tabela completa das apreensões da ALF Foz do Iguaçu nos primeiros semestres de 2024 e 2025:
Eletroeletrônicos e Smartphones
De janeiro a junho de 2025, foram apreendidos R$79.987.428,06 em eletroeletrônicos descaminhados. A quantidade responde por 36,88% do total apreendido na 9ª Região Fiscal, que abrange Paraná e Santa Catarina, onde foram apreendidos R$216.880.199,51 em mercadorias desta categoria. A Alf/Foz do Iguaçu ainda representa 18,09% do total de eletroeletrônicos apreendidos no Brasil. Em todo o território nacional, foram apreendidos R$442.174.953,59.
Para a Alfândega de Foz do Iguaçu, o número também simboliza um crescimento de 5,33% nesta modalidade em relação ao mesmo período do ano passado, quando foram apreendidos R$75.938.098,49.
Vale destacar que do total apreendido em 2025, R$59.100.968,99 em mercadorias correspondem a apreensão de aparelhos celulares. O valor surpreende, já que expressa 73,89% do valor total de eletroeletrônicos, com um crescimento de 10,55% em comparação ao primeiro semestre de 2024. Os smartphones apreendidos pela ALF/Foz do Iguaçu ainda representam 21,99% do total no Brasil e 46,22% no Paraná e em Santa Catarina. No país, foram apreendidos R$268.807.932,77 em aparelhos celulares neste mesmo período de tempo, enquanto na 9ª Região Fiscal, foram R$127.855.708,39.
Os eletroeletrônicos somam 28,62% do total de apreensões da ALF/Foz do Iguaçu, sendo que 21,15% deste valor são apenas celulares. A categoria é seguida pelos cigarros convencionais, que somam um percentual de 26,05%.
Cigarros e Cigarros Eletrônicos
Os cigarros convencionais, antes conhecido como o “carro-chefe” do contrabando nas fronteiras, hoje, por pouco, perdem para os eletroeletrônicos. Com um valor de R$72.791.801,47 em cigarros apreendidos no primeiro semestre do ano, a categoria ficou em segundo lugar entre as mercadorias mais vistas pelos servidores da ALF/Foz do Iguaçu.
Apesar do número ser expressivo, nota-se uma queda em relação a 2024, quando R$93.269.085,36 foram apreendidos. Uma pesquisa realizada neste ano pelo Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica (IPEC), encomendada pelo Fórum Nacional contra a Pirataria e a Ilegalidade (FNCP), aponta que os contrabandistas têm evitado as “rotas tradicionais”, como é o caso do Mato Grosso do Sul e do Paraná, para investir em novas rotas, além de fábricas clandestinas em território nacional.
O objetivo é burlar a fiscalização mais intensa nestes pontos de fronteira. Desta forma, é possível notar um aumento na circulação de cigarros ilegais na região Nordeste, que entram no território nacional por meio de outras fronteiras. Esta movimentação muda a configuração do crime na 9ª Região Fiscal também.
Este fenômeno ainda pode ser associado ao crescimento da incidência de apreensões de cigarros eletrônicos na fronteira entre Brasil e Paraguai, que foram de R$6.678.878,28 em mercadorias durante o primeiro semestre de 2024 para R$10.827.075,72 em 2025. A quantidade equivale a 43,09% do total de cigarros eletrônicos apreendidos em toda a 9ª Região Fiscal.
Estes produtos entram ilegalmente em território nacional e são revendidos por um preço muito acima do seu custo verdadeiro. Ressalta-se que a venda, importação e consumo de cigarros eletrônicos são proibidos no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) desde 2009. Os aparelhos são considerados um risco à segurança e à saúde pública. Da mesma forma, os cigarros contrabandeados não passam pela devida fiscalização dos órgãos em vigência e causam risco à população.
Paraná e Santa Catarina
Nos dois estados que integram a 9ª Região Fiscal, foram apreendidos R$638.165.722,46 em mercadorias no primeiro semestre de 2025. Em relação a 2024, quando foram apreendidos R$599.508.860,26 em mercadorias, houve um crescimento de 6,45%. Assim como na Alfândega de Foz do Iguaçu, as mercadorias que lideram em apreensões são eletroeletrônicos e cigarros.
Brasil
Em todo o país, foram apreendidos R$2.005.763.088,43 em itens descaminhados e contrabandeados de janeiro a junho deste ano. No mesmo período do ano passado, este valor correspondeu a R$1.768.717.121,92, representando um aumento de 13,40%. No Brasil, foram apreendidos R$365.558.032,99 em cigarros contrabandeados e R$115.560.401,24 em cigarros eletrônicos.
Retenção de Drogas
Os servidores da Alfândega da Receita Federal em Foz do Iguaçu também contribuíram com a sociedade por meio da retenção de um volume notável de drogas na região de fronteira. De janeiro a junho de 2025, foram encontradas 5, 2 toneladas de substâncias ilícitas variadas na zona primária e secundária das fronteiras brasileiras com a Argentina e o Paraguai.
O mês com a maior quantidade de apreensão de drogas foi junho, quando agentes encontraram entorpecentes em 13 ocasiões diferentes, totalizando 1.922,04 quilogramas. Em seguida, ficam o mês de maio, com 12 retenções e 1.456,77 quilogramas, e o mês de janeiro, com oito e 485,29 quilogramas.
Ao todo, no primeiro semestre de 2025, foram 46 retenções de drogas. Das apreensões realizadas a partir destas ações, 4,9 toneladas eram de substância análoga a maconha, representando 91,7% da quantia total. O capulho apareceu em 2,98% das retenções, com 156 quilogramas. Em sequência, o haxixe encontrado totalizou 94,3 quilogramas, representando apenas 1,8% das apreensões. Por fim, foram também encontrados 26,9 quilogramas de skunk, em 0,5% do valor final.
Em comparação, no mesmo período de 2024, foram realizadas 34 retenções de drogas. Entretanto, o total ultrapassa o registrado em 2025, com 11,9 toneladas de substâncias ilegais. Destas, 11,7 toneladas eram de maconha (98,83%), enquanto 135,2 quilogramas eram de cocaína (1,13%) e 41,2 quilogramas eram de haxixe (0,34%).
Em 2024, os meses com maior incidência de retenção de drogas por parte da Receita Federal foram maio, com 12 ações e 2.668,44 quilogramas, e junho, com 10 retenções e 4.755,86 quilogramas de ilícitos. Nota-se que, de 2024 para 2025, houve uma queda em 44% na quantidade de drogas apreendidas. Este fenômeno acontece, porque, apesar de em 2025 a frequência de retenções ter sido maior que no ano anterior, o volume de entorpecentes encontrados em cada ocorrência foi menor.