A Voz que Sempre Esteve Aqui

Uma homenagem à Rádio Cultura Foz

Lembro-me como se fosse ontem. Era 1956, mais precisamente 22 de julho de 1956, quando o chiado do aparelho de rádio, que sintonizávamos manualmente, se transformou em voz. A primeira voz da nossa cidade e a primeira voz da tríplice fronteira Brasil, Argentina e Paraguai. 

A Rádio Cultura nasceu em um cômodo, de uma imponente construção de dois andares, em um tempo em que Foz do Iguaçu era mais mato que rua, mais vizinhança que cidade. Havia, pasmem, não mais do que 10.000 habitantes. Mas saibam que foi ali, na AM 820, que a gente passou a ouvir o mundo — e, mais importante, ouvir a nós mesmos.

A Cultura era mais que uma emissora. Era um ponto de encontro. Surgiu, inclusive, do encontro de ideias de nove empresários e um único objetivo: fazer história. Fez e continua fazendo. Foi ela quem anunciou a chegada do asfalto, quem transmitiu o primeiro “bom dia” direto da Ponte da Amizade quando ela ainda cheirava a cimento fresco. Foi ela que acompanhou a construção da Itaipu com o coração batendo junto aos operários — lembro do programa “A Hora do Barrageiro”, era sagrado por aqui! Todos atentos para ouvir as notícias da cidade pujante.

Muita gente cresceu ouvindo Ennes Mende da Rocha, voz firme e amiga. Minha avó não perdia uma radionovela. Meu pai, todos os dias, ouvia as notícias e ainda cantarolava as “modas” de viola. Eu queria ter sido um calouro, mas muito tímido deixei o sonho adormecer. Presente no cotidiano, a Cultura estava lá, fazendo parte, comunicando quando era preciso registrar a história — mesmo quando ela ainda não parecia grande coisa.

Hoje ela fala por todos os lados: no rádio, no celular, no computador. Na era digital, transformou-se tecnologicamente, adaptou-se à linguagem dos mais jovens, mas acredite, na essência continua sendo a mesma. Continua trazendo notícia boa, abrindo espaço para todo mundo — da missa da igreja ao debate político bem elaborado, do musical ao raiar do sol ao programa espírita que nunca saiu do ar. A Cultura ainda conversa com a cidade, com o seu povo, com o mesmo cuidado de quem serve um café quentinho pro vizinho antigo, para aquele velho amigo que chega para compartilhar bons momentos.

Sabe, sem me delongar mais, deixa eu contar que se tem algo que eu aprendi, com os meus cabelos brancos, é que nem tudo dura pra sempre. É verdade! A vida tem suas épocas e seus momentos, mas a Rádio Cultura… ah, essa continua! Renovando-se, continua firme a cada novo ciclo e longeva segue feita da nossa voz, da nossa memória viva!

É como dizem por aí: quem escuta a Cultura, escuta Foz!

Então, vida longa à Cultura e claro, FELIZ 69 ANOS!

Continue Rádio Cultura, continue…

___ Um leal ouvinte

Por Estella Parisotto Lucas

 

Fonte Imagem: Acervo Rádio Cultura Foz

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