Entre carretéis coloridos, retalhos de tecido, zíperes soltos e botões espalhados pela bancada, dona Nelci da Silva retoma seu lugar diante da máquina de costura. Concentrada, ajusta barras, reforça costuras e faz pequenos consertos nas roupas dela e dos familiares, como sempre fez. Por muito tempo, no entanto, sua “fiel amiga” ficou parada, mas jamais esquecida. Colocar a linha na agulha já é um desafio para quem tem a visão em dia, mas para ela esse simples gesto foi se tornando impossível de ser realizado, forçando-a pausar o ofício e a paixão herdada da mãe e da avó.
“Desde criança convivi com uma miopia severa, de 10 graus. Usei óculos por muitos anos e, mais tarde, passei a usar lentes de contato. Com o tempo, a situação foi se agravando: cheguei a ter mais de 18 graus em um olho e 20 no outro. Acabei optando pela cirurgia, porque essa limitação já dificultava até as tarefas mais simples do dia a dia”, revela Nelci da Silva de Almeida. Os desafios visuais não afetavam apenas Nelci; seu avô, mãe e tio também lidam com as doenças oculares.
No ano passado, aos 45 anos, Nelci recebeu o diagnóstico de catarata e, após avaliação médica, realizou a cirurgia de facectomia. A partir daí, sua vida ganhou novos contornos. “Depois do procedimento, voltei a costurar, estou tirando minha carteira de motorista e até fui promovida no trabalho. A minha vida mudou!”, conta a operadora de caixa de uma farmácia na cidade de Toledo.
Visão embaçada? Cuidado!
A Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO) estima que surgirão cerca de 550 mil novos casos de catarata no Brasil por ano, afetando aproximadamente 25% dos brasileiros com mais de 50 anos. De acordo com o último censo do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, a catarata é responsável por 49% dos casos de cegueira no país.
A catarata é uma doença silenciosa e progressiva, caracterizada pela perda da transparência do cristalino, a lente natural do olho responsável por focalizar as imagens na retina. Com o avanço da opacidade, a visão torna-se embaçada e distorcida, podendo evoluir para a cegueira se não for tratada adequadamente.
“Embora seja mais comum acima dos 60 anos, ela pode surgir em qualquer idade. Em alguns casos, especialmente quando há doenças como o diabetes, sua evolução pode ser mais rápida. Já em outros, o paciente nem percebe que a visão está embaçada, vai se adaptando gradualmente à imagem borrada, sem notar o quanto a visão está comprometida”, explica o oftalmologista Darci Dacome, um dos fundadores do Hospital de Olhos de Cascavel.
O que fazer ao descobrir?
A única forma eficaz de tratar a catarata é por meio da cirurgia, na qual o cristalino opaco é substituído por uma lente intraocular. O procedimento é rápido, seguro e não requer internação. “A cirurgia dura cerca de 20 minutos e é gratificante tanto para o paciente quanto para o médico. Hoje, contamos com tecnologia de ponta, que proporciona resultados excelentes”, explica o médico.