PM que matou vendedor de bala no Rio está preso

Pesquisa indica que dados de racismo cresceram em abordagens policiais no Rio

Foto: Reprodução

O sargento da Polícia Militar Carlos Arnaud Silva Júnior, acusado de matar o vendedor de balas Hiago Macedo de Oliveira Bastos, de 22 anos, está preso. O policial foi levado para a Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), em Niterói.

A morte ocorreu ontem, (14), na Praça Arariboia, em frente à Estação das Barcas do centro da cidade. A Polícia Militar informou através de nota que o policial estava de folga e reagiu a uma tentativa de roubo. “O militar interveio na ação e um dos envolvidos teria investido contra sua integridade, sendo atingido por disparo de arma de fogo. O ferido não resistiu.”

As versões da polícia, de pessoas da família e testemunhas que estavam no local sobre a morte são desencontradas. A viúva Taís Santos, após depoimento na delegacia, disse que o marido saiu para o trabalho como um dia normal e diz: “não sabia que oferecer bala é um crime”.

A polícia informou que a vítima, Hiago Macedo de Oliveira Bastos, estava em liberdade condicional e já tinha passagens pela polícia.

Elemento Suspeito
A pesquisa Elemento Suspeito indicou o agravamento do racismo nas abordagens policiais e, por consequência, em todo o ciclo da justiça criminal. Na edição divulgada hoje (15) recebeu o subtítulo; Negro trauma: racismo e abordagem policial no Rio de Janeiro.

Os dados apontam que, apesar de os pretos e pardos somarem 48% da população do Rio de Janeiro, 68% das pessoas abordadas andando a pé e 71% no transporte público são negras. Além disso, 17% já foram paradas mais de 10 vezes e 15% de seis a dez vezes. Entre os que tiveram a casa revistada pela polícia, 79% eram negros, bem como 74% dos que tiveram um parente ou amigo morto pela polícia.

A pesquisa entrevistou 739 pessoas e aprofundou o levantamento com grupos de jovens moradores de favelas, entregadores, motoristas de aplicativos, mulheres e policiais. Com a análise de idade, gênero, cor, classe e território, os pesquisadores identificaram o perfil típico das pessoas abordadas pela polícia. São os homens negros, com até 40 anos, moradores de favela e periferia e renda de até três salários mínimos.

Para ter acesso a pesquisa completa, acesse aqui.

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